Do Brasil para o Mundo, 50 anos de cinema de animação

Do Brasil para o Mundo, 50 anos de cinema de animação

Por Maria Alice Campos


A história da animação brasileira está em festa e marca a sua presença na MONSTRA Festival de Animação de Lisboa com sinónimo de criatividade, inovação e resiliência. Estamos a comemorar os 50 anos do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas uma das instituições de maior relevância na produção e, muito especialmente, no ensino da animação.

O festival, a decorrer entre 20 e 30 de março de 2025 no Cinema São Jorge, em Lisboa, dedicou alguns momentos especiais a esta comemoração do cinquentenário do Núcleo. São cinco décadas de atividades que reafirmam o seu papel como um dos pilares da animação em língua portuguesa. A homenagem inclui mesas-redondas, mostras de filmes, oficinas, apresentações artísticas e workshops. As atividades destacam a importância histórica e cultural do Núcleo, bem como a sua influência na formação de profissionais da área e na consolidação da animação como linguagem artística.

Como parte das comemorações, o artista francês Luc Brévart criou um selo comemorativo especialmente dedicado aos 50 anos do Núcleo.

Entrega dos Zootroscópios “Cavalo de Tróia”

Entre os momentos mais simbólicos do evento encontram-se as oficinas conduzidas pela equipa do Núcleo, nas quais foram apresentados os zootroscópios intitulados “Cavalo de Tróia”. Os zootroscópios são dispositivos ópticos que criam a ilusão de movimento a partir de uma sequência de imagens estáticas. Estes dispositivos foram confecionados pelo Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, estão a ser utilizados em atividades durante o festival e permanecerão em Portugal, integrando ações itinerantes de animação promovidas pela Monstra. As oficinas são coordenadas pelos diretores de animação Wilson Antonio Lazaretti e Maurício Squarisi, contando ainda com a presença do animador indigena, Hermes Miranda.

Produzidos com técnicas de pintura, colagem e montagem em MDF, os zootroscópios estão a ser utilizados em oficinas de animação destinadas a novos públicos. A referência ao “Cavalo de Tróia” remete à mitologia grega, sendo que, neste caso, o “presente” oferece pequenas animações em vez de soldados.

Diversidade e criatividade

A presença do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas na Monstra 2025 representa um marco no reconhecimento da sua trajetória e reforça o seu contributo como centro de formação, inovação e preservação da cultura cinematográfica animada no Brasil e no universo da língua portuguesa. Os 50 anos do Núcleo constituem não somente uma celebração do passado, mas também uma afirmação do futuro da animação em português.

A celebração contou ainda com a participação de artistas brasileiros convidados, promovendo um intercâmbio criativo e cultural entre os participantes das atividades. Estão presentes no evento Rebeca Ribeiro, responsável pelo arquivo do Núcleo, a flautista e compositora brasileira Angela Coltri, a chef Luiza Marina e equipe de produtores da produtora Prumopro, com apoio da Funarte e do Ministério da Cultura do Brasil, num contributo ao diálogo entre diferentes expressões culturais.

Impacto e continuidade

Celebrar os 50 anos do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas é reconhecer o papel fundamental da instituição na formação de profissionais da animação ao longo de cinco décadas. É reconhecer o impacto duradouro de uma instituição pioneira no Brasil, que corroborou significativamente para a história da animação brasileira e não só. Mais do que uma retrospetiva histórica, trata-se de valorizar um percurso que rompe fronteiras, como as atividades de formação em comunidades indígenas na Amazónia. Uma história marcada pela produção de conteúdos que contribuíram significativamente para o desenvolvimento artístico e cultural da animação lusófona. Ao integrar essa comemoração num dos principais festivais internacionais do sector, reforça-se a visibilidade global da animação brasileira e das possibilidades da continuidade e renovação desta expressão artística para as próximas gerações.

Da minha parte, estou muito contente em acompanhar de perto esta comemoração, que venham mais 50 anos!

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Maria Alice Campos

Escritora, historiadora e jornalista luso-brasileira. Doutoranda em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho. Mestre em Ciências da Comunicação – Estudos dos Media e do Jornalismo, pela Universidade Nova de Lisboa. Pós-graduada em Direito da Comunicação Social pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Experiência na conceção, gestão e implementação de projetos em comunicação, cultura, economia criativa e social, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e direitos humanos. Foi diretora da Rádio Cultura FM de Brasília e coordenou os guiões de ficção nos testes da TV Digital brasileira junto à Empresa Brasil de Comunicação. https://www.linkedin.com/in/maria-alice-campos/
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