Tarrafal, Cabo Verde, 01 mai 2024 (Lusa) – O antigo campo de concentração da ditadura portuguesa no Tarrafal, Cabo Verde, conta a partir de hoje com um centro de documentação, na Internet (www.tarrafal-cdt.org).
Este site dedicado ao Campo de Concentração do Tarrafal, nasceu no Memorial dos Presos e Perseguidos Políticos, que já lhe dedicara artigos (Cárceres do Império) e biografias das vítimas – material agora ampliado e revisto e que continuaremos a atualizar.
Introduzimos agora também referências à exposição “Da repressão à Liberdade” e ao livro entretanto publicado sob o título “Tarrafal-Presos Políticos e Sociais (1936-1954 e 1961-1974)”
Desde já, disponibiliza-se igualmente o documentário Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta, que, precisamente, se fez das memórias dos antigos presos, filmados nesse espaço confinado em que viveram durante anos, “fechados como se fôssemos cabras, com um fosso à volta, arame farpado e um muro, com os nosso irmãos, armados, a guardar-nos” – pretende ser um retrato daquele campo de concentração na sua II fase (1961-1974). Esperamos poder vir a dispor proximamente de outros filmes, em função da eventual libertação dos direitos que sobre eles recaiam e de parcerias que se possam estabelecer com as entidades possuidoras desses direitos.
Aceda aqui às biografias dos presos das duas fases do Campo de Concentração do Tarrafal: Presos Fase I e em Presos Fase II.
A iniciativa surge no âmbito da evocação pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, que se associou à celebração dos 50 anos da libertação dos presos políticos do Tarrafal, que hoje se assinalam.
No âmbito do mesmo programa, foi também publicado o livro “Tarrafal-Presos Políticos e Sociais” e instalada uma nova exposição no antigo campo, hoje Museu da Resistência.
A comissão concebeu a exposição “Tarrafal, da repressão à liberdade”, para preservar a memória histórica da repressão que atingiu quase 600 presos políticos de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Alfredo Caldeira, curador da iniciativa, descreveu o campo como “símbolo mais significativo do sistema prisional da ditadura” portuguesa.
A exposição complementa os espaços e materiais expositivos que transformaram a antiga prisão no Museu da Resistência.
Assim, o espaço conta a partir de hoje com mais três espaços musealizados, recorrendo a materiais audiovisuais e fotográficos e a depoimentos sobre diferentes aspetos da vida prisional nas duas fases do Campo.
A mostra foi hoje apreciada pelos chefes de Estado de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal, durante a cerimónia especial de celebração da liberdade dos presos políticos.
“A mostra aborda questões essenciais como a violência, a censura, o trabalho forçado e os castigos e, também, a cultura e instrução e a resistência dos presos”, lê-se no documento de apresentação da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.
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