Pode parecer confuso deixar de acentuar certas palavras, no entanto esse facto vem apenas organizar algumas situações.
Assim, a palavra «herói» continua a ser acentuada, uma vez que se trata de uma palavra aguda com o ditongo /ói/ aberto, tal como acontece em «faróis» e «Niterói».
Porém, nas palavras graves com o ditongo /ói/ na sílaba tónica existiam variações.
Efetivamente, havia palavras que não eram acentuadas, como é o caso de «comboio», «boina» e «dezoito», e outras acentuadas, tais como «heróico», «mongolóide» e «bóia». Então, segundo o novo acordo ortográfico, uniformiza-se sem acento gráfico todas as palavras graves com o ditongo tónico /ói/. Sendo assim, as palavras «boia», heroico», «jiboia» e «paranoico» passam a ser escritas sem acento gráfico.
E quando, antes, se perguntava em que situação «comboio» tinha acento e se apontava a conjugação do verbo «comboiar» (eu combóio, tu combóias…), agora podemos dizer que nem nesse caso, pois trata-se de uma palavra grave com o ditongo tónico /ói/ na sílaba tónica.
No Brasil, a alteração foi ainda mais além, visto que as formas verbais graves com o ditongo /ói/ que eram normalmente acentuadas, deixam de o ser. Exemplos disso são as formas «apoio», «apoias», «apoia» e «apoiam».
Então, o que se fez não foi mais do que pôr ordem na casa.
Ainda relativamente à acentuação, as formas verbais graves da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo (em que o /e/ tónico está em hiato com a terminação -em) deixam de ser acentuadas graficamente. Deste modo, passamos a escrever «creem
deem, descreem, leem, reveem, releem, reveem, veem». Esta supressão contribui para evitar as confusões entre o verbo vir e o verbo ver, sendo que o verbo «vir», no presente do indicativo, na terceira pessoa do plural continua a escrever-se «eles vêm» e o verbo ver passa a «eles veem».
Lúcia Vaz Pedro
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