Lisboa, 01 jun (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afastou hoje quaisquer “consequências negativas” para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) da atual situação política no Brasil e considerou que seria “injusto e contraproducente” pressionar o país.
O Brasil “tem condições políticas delicadas; para todos os efeitos, tem uma Presidente que está suspensa de funções, tem um Governo que exerce interinamente, tem um novo ministro das Relações Externas”, afirmou hoje o governante português, respondendo ao deputado socialista Paulo Pisco sobre eventuais consequências para a CPLP, organização cuja presidência Brasília deve assumir este ano.
“Não vejo nenhuma consequência negativa. Seria injusto e contraproducente fazer alguma espécie de pressão sobre o Brasil”, considerou Santos Silva, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
“Daremos ao Brasil o tempo necessário para que possa assumir as responsabilidades que lhe cabem como futuro presidente da CPLP”, garantiu.
O ministro disse não ver “nenhuma modificação” na organização lusófona que, salientou, “tem este ano uma oportunidade, com a nova visão estratégica [que deverá ser aprovada na cimeira], a nova presidência e o novo secretariado-executivo, de incrementar o seu nível de atuação”.
Cabe ao Brasil organizar a próxima conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que tradicionalmente se realizam em julho, ocasião em que os Estados-membros votarão a nova visão estratégica e Brasília assumirá a presidência e o secretariado-executivo passará para São Tomé e Príncipe. No entanto, o Brasil ainda não indicou qualquer data para o encontro e o secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, já admitiu que não se realize em julho.
Santos Silva disse que Portugal compreende que o Brasil fará as propostas “que lhe compete fazer, quando entender ter condições” para tal.
“Aguardamos, sem nenhuma pressão, a marcação ainda este ano da cimeira bilateral Portugal-Brasil, assim como da cimeira da CPLP”, referiu.
Sobre a relação bilateral, o Governo português coopera “com o Presidente interino e com o Governo do Brasil exatamente como com todos os outros presidentes e governos da democracia brasileira”, garantiu Santos Silva.