Num ambiente informal e regado a vinho, o projeto Rua das Pretas é uma carta de amor à lusofonia, um convite à intimidade e comunhão do público com os músicos e uma sessão de histórias bem contadas pelo anfitrião, Pierre Aderne.
É já no sábado que esta iniciativa se estreia no Coliseu dos Recreios e promete novidades – a começar pelo público, que se juntará aos músicos no palco, tendo as cadeiras da plateia como cenário.
Do repertório habitual constam canções emblemáticas do universo lusófono como “Uma casa portuguesa”, “Saudades do Brasil em Portugal”, “Samba de Verão” ou “Na Ronda de Ogum”.
Pelo meio ouvem-se palmas, refrães em uníssono e a marcação do ritmo com os pés no chão ou as mãos nas pernas. Há quem se arrisque até nuns passinhos de samba. Já os intervalos das músicas são pontuados pelo barulho das rolhas de cortiça a saltar das garrafas de vinho que são servidos também pelos músicos durante mais de três horas de espetáculo.
CAPITAL LISBOETA COMO “NOVO SOTAQUE”
Amante da música de língua portuguesa, este cantor e compositor brasileiro diz-se apaixonado pela capital lusa, uma “Lisboa pulsante”, que se está a abrir cada vez mais ao mundo e a criar um “novo sotaque” criado pelos novos habitantes e turistas da cidade. “Portugal sempre foi um navegador e descobridor dos sete mares, depois com a ditadura mudou um pouco.
Mas agora está como Nova Iorque nos anos 90 ou Londres nos anos 60. Gente do mundo inteiro interessante e culta começou a vir para Lisboa e passou a haver uma mistura natural dos portugueses com outras culturas. O que é muito relevante”, defende.
E dá como exemplo o mais recente álbum de Madonna, que reflete, na sua opinião, a fase áurea em que vive a capital lusa e toda a cultura lusófona “Acho interessante a Madonna, que é uma artista incrível, ter-se apercebido de que Lisboa trouxe este movimento lusófono e é a capital da música de língua portuguesa”, observa o músico carioca.
Pode dizer-se que a Rua das Pretas é uma manifestação de amor à lusofonia, um convite à intimidade e comunhão do público com os músicos – entre silêncios e momentos de explosão – e uma sessão de storytelling pelo anfitrião Pierre Aderne. Um bom contador de histórias, que vai alternando o seu discurso entre o português e o inglês, prendendo a plateia do princípio ao fim com situações da sua vida e de importantes artistas lusófonos como Amália Rodrigues ou Vinicius de Moraes, que se reuniram em 1968 em Lisboa, encontro que resultou na gravação de um disco. Ler o artigo completo (Expresso).