Mário de Cesariny: Mira Miró, mira, mira

Poema em duas línguas gémeas para Joan Miró

O jogo, em Cesariny, é constitutivo e dominante: cabalas fonéticas, neologismos, mistura de idiomas, caligrafias, perguntas e respostas, textos automáticos, colagens entre outras formas de expressão lúdica. Outro ponto que merece destaque é a colocação do leitor em posição de decifrador do jogo, gerando, assim, a aproximação e a coletivização entre o artista e o leitor, uma relação que pode envolver disputa, mas também igualdade entre o emissor e o receptor, ou, mais bem colocado, entre os contendores.

No exemplo deste pictopoema, a homenagem a Miró passa pela proximidade ou comunidade linguística e atravessa a visualidade por meio de cores que remetem ao universo do artista espanhol (…) A semelhança fonética entre o verbo conjugado “mira” e o substantivo próprio Miró cria o jogo sonoro que passa também por “admira”, adensado pela disposição sinuosa que o poema toma, relacionado com o lúdico, com a percepção amorosa e com a torção da linguagem em uma compacta camada fonética…

Ler o artigo completo (Danilo Bueno, Universidade de São Paulo, Revista Língua−lugar N.03 junho 2021, pág. 102

Subscreva as nossas informações
Scroll to Top