Magalhães/500 anos: Caravela Vera Cruz parte hoje de Setúbal a celebrar a circum-navegação

Setúbal, 29 set 2019 (Lusa) – A caravela Vera Cruz, réplica fiel das naves dos Descobrimentos, parte hoje de Setúbal rumo a Sevilha, em comemoração da circum-navegação levada a cabo, mas nem sempre a bom porto, por Fernão de Magalhães e Sebastián Elcano.

A aventura ibérica, porventura inédita no que à tentativa de navegação por novos ventos dizia na altura respeito, terminou com uma fração dos marinheiros que zarparam da península, entre os quais Fernão de Magalhães, que acabaria por morrer em combate na ilha de Máctan por guerreiros filipinos, em 1521.

Juán Sebástian Elcano assumiria o comando da expedição que findou em Sevilha, já com a armada reduzida a um navio, no que para o comandante da Vera Cruz, José Inácio, só vem “relembrar o grande feito de Magalhães ao desbravar os perigos dos caminhos marítimos”.

“Nós vamos para Sevilha precisamente na data em que Magalhães partiu para a sua expedição da volta ao mundo”, disse à Lusa o comandante, frisando que a viagem será recriada com toda a segurança: “hoje conhecemos quase tudo do mar, mas só porque alguém foi o primeiro a circum-navegar a Terra”.

Para o comandante da Vera Cruz, o replicar das condições de navegação de há meio milénio é hoje “praticamente impossível”, dada a intensidade e aumento exponencial, ao longo dos séculos, do tráfego marítimo que “obriga a que se tenha todas as seguranças” na escolha de rotas.

Ainda que o conceito de globalização tenha sido provado enquanto realidade exequível a partir da viagem de Magalhães e Elcano, José Inácio lembra que a sua origem teve raízes mais antigas, perseguidas por outros descobridores portugueses.

“O início da expansão do conhecimento marítimo, através de diversas expedições que a coroa portuguesa foi fazendo ao longo da costa africana, foram o verdadeiro começo da globalização”, disse à Lusa, classificando o “projeto de circum-navegação” de Fernão de Magalhães como o “culminar dessa vontade”.

A viagem da Vera Cruz a Sevilha, ao sabor do vento e com GPS, enquadra-se numa série de celebrações dos 500 anos da primeira circum-navegação, ao abrigo do programa de cooperação INTERREG Portugal-Espanha POCTEP 2014-2020, que envolve também a autarquia de Sevilha, a Universidade de Évora, a Direção Regional de Cultura do Alentejo e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

ASA // JPF – Lusa/Fim
Subscreva as nossas informações
Scroll to Top