Independentistas de Cabinda pedem adesão à Liga Árabe e acusam alguns países da CPLP

Luanda, 25 mai 2021 (Lusa) – A Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) pediu hoje a adesão à Liga Árabe e criticou o “silêncio” europeu face às “políticas repressivas” de Angola, acusando países da CPLP de cumplicidade com Luanda.

“A FLEC-FAC pede a adesão de Cabinda, no seio da Liga Árabe, ao estatuto de membro observador da organização e apela aos 22 países membros da Liga Árabe, bem como ao Rei Salman ben Abdelaziz Al Saoud, da Arábia Saudita e o Rei Mohammed VI de Marrocos, para deixar de reconhecer a soberania de Angola sobre Cabinda e mostrar solidariedade para apoiar politicamente os Cabindas, para depois internacionalizar a luta de Cabinda”, refere um comunicado assinado pelo secretário-geral, Jacinto António Télica.

O movimento independentista alega que o problema de Cabinda “não é um problema interno de Angola, mas é um problema de agressão”, considerando que “Angola é uma potência ocupante”.

A FLEC-FAC denuncia ainda a “hipocrisia e o silêncio inaceitável da União Europeia face à política repressiva, autoritária e tirânica de João Lourenço”, naquele território do norte de Angola e acusou “alguns Estados-membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) de serem cúmplices em Luanda, por isolar politicamente a questão cabindense no plano internacional”.

Por isso, continua, “precisa do apoio diplomático da Liga Árabe para combater o isolamento político de Cabinda a nível das Nações Unidas” e “usará todos os meios legítimos para atingir seus objetivos” sem excluir a luta armada.

A província angolana de Cabinda, onde se concentram a maior parte das reservas petrolíferas do país, não é contígua ao restante território e desde há anos que líderes locais defendem a independência, alegando uma história colonial autónoma de Luanda.

A FLEC, através do seu “braço armado”, as FAC, luta pela independência daquela província, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

Cabinda é delimitada a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico.

RCR // JH-Lusa/fim

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (CEMGFAA), general Egídio de Sousa, durante a cerimónia de abertura das jornadas patriotas e do lançamento oficial do web das Forças Armadas Angolanas, sob lema Angola Paz Unidade e Democracia nas Comemorações do 19º aniversário da assinatura do memorando ao protocolo de Lusaka, Luanda, Angola, 31 de março de 2021. AMPE ROGÉRIO/LUSA
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