Paris, 29 jan 2020 (Lusa) – O Festival “Lusotopia” realiza-se pela primeira vez este fim de semana em Crosne, na região parisiense, e conta com atrações musicais dos países lusófonos e conferências sobre a língua portuguesa e figuras como Aristides de Sousa Mendes.
“Muitos portugueses [que vivem em França] não conhecem esta cultura da lusofonia e faltava a organização de um evento assim. Muitas coisas feitas na comunidade são só festas e não têm a riqueza da cultura e a diversidade da lusofonia”, indicou Nathalie Afonso, lusodescendente e uma das organizadoras deste festival, em declarações à agência Lusa.
Este festival vai juntar música, gastronomia e debates à volta da lusofonia no espaço Rene Fallet, em Crosne, no sábado e no domingo, acontecendo em cooperação com a associação Hirond’ailes e com a Coordenação das Coletividades Portuguesas em França (CCPF).
Antes da abertura deste salão dedicado à lusofonia há já outras iniciativas. Desde segunda-feira, há uma exposição de pintura e escultura inspirada pelos países de língua oficial portuguesa numa galeria local, na quinta-feira vai ser mostrado o documentário “Morabeza, la force du mouvement” e na sexta-feira acontece um jantar espetáculo onde os convidados de honra serão os Caretos de Podence.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, vai marcar presença neste jantar e os fundos recolhidos revertem a favor da associação Cheda, que apoia crianças em Cabo Verde, e da associação Dimitri Francisco.
Proprietária de ateliês de artes plásticas na região de Crosne, Nathalie Oliveira teve a ideia de organizar este festival sobre lusofonia depois de interagir com várias crianças lusodescendentes e verificar que havia desconhecimento sobre a sua própria cultura.
“Achei pena, porque tenho crianças lusodescendentes nas minhas aulas que não conhecem a cultura portuguesa nem a lusofonia”, indicou Nathalie Oliveira, explicando que depois de organizar um festival em parceria com o Japão, em que deu a conhecer Portugal, as autoridades locais em Crosne mostraram-se abertas a esta mostra lusófona.
Se no palco principal vão passar vários artistas de diferentes nacionalidades durante o fim de semana, à sua volta haverá lançamentos de livros pela editora Chandeigne – que se dedica à publicação em França de livros de autores lusófonos e sobre os países de língua portuguesa – assim como conferências promovidas pelo comité francês de apoio a Aristides de Sousa Mendes e ainda conferências dedicadas à língua portuguesa.
A organização está à espera de receber cerca de 2.000 visitantes nesta primeira edição, mas Nathalie Oliveira já tem ideias para 2021. “Vamos falar sobre o design português e mostrar a modernidade do país”, antecipou a organizadora.