CPLP precisa reforçar a área do património cultural e criar sinergias

Berlim, 08 mai 2019 (Lusa) – O investigador português Gonçalo Monginho, a trabalhar na Alemanha, defende que a CPLP “tem de reforçar a área do património cultural e natural” e “criar sinergias” que podem trazer benefícios em várias áreas.

Dois anos depois da criação da Comissão de Património Cultural da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em maio de 2017, o investigador da Universidade de Cottbus acredita que a criação de uma cooperação mais estreita entre os Estados-membros pode trazer ganhos económicos, sociais, culturais, ecológicos, mas também ao nível da diplomacia cultural, “promovendo o reconhecimento pela diversidade cultural e os direitos humanos”.

“A CPLP tem potencial para intervir na cooperação internacional e tem de ser ativado. Este potencial resulta de uma partilha da língua comum e de uma herança histórica, cultural e linguista entre os povos da CPLP que, que neste caso, facilita o processo de diálogo intercultural e de cooperação. Estes elementos têm de ser ativados para que os Estados-membros se possam ajudar mutuamente”, revelou Gonçalo Monginho, bolseiro do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que desenvolve o seu trabalho de investigação em colaboração com o Camões Berlim, e a Universidade Técnica de Brandemburgo Cottbus – Senftenberg.

As embaixadas dos países da CPLP organizam hoje à tarde, em Berlim, uma conferência sobre “A diversidade cultural como fator de internacionalização da CPLP”, que pretende assinalar o “Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP”.

Na intervenção “Investir no Património, perspetivas no âmbito da cooperação internacional da CPLP”, o investigador português pretende explorar também “as medidas possíveis para a cooperação multilateral”, ou seja, “estratégias que permitam a partilha de recursos e conhecimentos entre Estados-membros”.

Gonçalo Monginho dá como exemplo concreto a lista do património mundial por ter “algumas dificuldades na representatividade geográfica”.

“Há povos que não estão representados, como os casos de Timor-Leste, da Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Através de uma cooperação internacional, os Estados-membros podem partilhar os recursos e os conhecimentos para se ajudarem uns aos outros, no sentido de desenvolver nomeações à lista do património mundial, como também a criação de listas indicativas, além da implementação da Convenção para o Património Mundial Cultural e Natural, através do assegurar da conservação efetiva dos bens património mundial”, refere o bolseiro do Camões.

As cooperações podem também “resultar na identificação do património”, acrescenta, dando o exemplo de Portugal e Brasil que têm “capacidade nesta área e podem intervir e ajudar os países menos favorecidos, em desenvolvimento, ou que têm ainda alguns problemas na área da gestão do património”.

Como estratégias possíveis, apresenta o “capacity-building” (desenvolvimento de capacidades) e o “Upstream process”, usados pela UNESCO.

“Focam-se não só nos profissionais, com responsabilidades diretas na gestão do património, mas também nas instituições, e nas comunidades. Como exemplo, aproximam instituições que têm poder legislativo, mas também organizações não-governamentais que podem atuar na área do património, envolvendo as comunidades. Há um âmbito maior, ao envolver estas três unidades, estão a desenvolver efeitos a longo prazo”, sublinha o investigador.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

JYD // VM – Lusa/Fim
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