CPLP/Cimeira: Demos passos para a democracia, há valores que não podemos suspender

Santa Maria, Cabo Verde, 17 jul (Lusa) – O Presidente português considerou hoje que nos últimos dois anos houve “passos importantes” de aprofundamento da democracia e da tolerância no espaço da CPLP e afirmou que há “valores essenciais” que esta comunidade não pode suspender.

Marcelo Rebelo de Sousa, que não mencionou nenhum país em concreto, falava na Sessão Solene de Abertura da XII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Santa Maria, na ilha do Sal, Cabo Verde.

Numa intervenção de cerca de dez minutos, o chefe de Estado português quis “saudar o que foram os passos” desta comunidade nos últimos dois anos, desde a anterior cimeira, realizada em Brasília, em novembro de 2016.

“Vivemos, tantos de nós, passos importantes, cada qual à sua maneira, no caminho da afirmação do Estado de direito, da democracia, do apaziguamento, da tolerância, do diálogo, da esperança por mais liberdade e mais igualdade, mais solidariedade”, declarou, acrescentando: “E sabemos todos que há valores essenciais de que não podemos abdicar nem suspender”.

Marcelo Rebelo de Sousa não nomeou nenhum dos nove Estados-membros da CPLP – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial, cuja adesão, em 2014, criou polémica – e em seguida apontou um fator comum: “Trabalhámos todos para sairmos de crises económicas e financeiras e correspondermos ao nosso potencial, por demasiado tempo adiado”.

“Circularam entre nós, mais ainda, as pessoas, esse princípio e fim da aposta reforçada na mobilidade dentro do nosso espaço de família. Mobilizaram-se ainda mais as sociedades civis: os trabalhadores, os empresários, as escolas, as instituições solidárias. Aproximaram-se de nós mais Estados a quererem ser nossos observadores”, acrescentou.

O Presidente português destacou “dois deles, muito simbólicos, por representarem, por natureza, matrizes de outras comunidades linguísticas poderosas: o Reino Unido e a França”.

Relativamente à importância da CPLP no plano global, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que existe “certamente perceção da relevância da cooperação económica” e do “papel geoestratégico mediador” desta comunidade, que descreveu como “plataforma entre culturas, civilizações, oceanos e continentes”.

O chefe de Estado salientou as candidaturas recentes bem-sucedidas a organizações internacionais como as Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio e a Organização Internacional para as Migrações.

“Tentámos sempre ser obreiros de paz, de defesa dos direitos humanos, de democracia, de entendimento, de multilateralismo, nunca deixando de reforçar as nossas posições nos nossos continentes, no núcleo duro das organizações regionais a que pertencemos”, disse.

No quadro interno da CPLP, segundo o Presidente português, também houve progressos: “Percebemos mais ainda como era insensato menosprezarmo-nos, minimizarmo-nos, subavaliarmo-nos”.

“Deixámos para trás o complexo de só gostarmos do vizinho do lado, da comunidade do lado, mesmo que nela também estejamos. Ou a vaidade de querermos ser tudo sozinhos”, completou, manifestando um “otimismo realista e exigente, virado para o futuro”, na CPLP.

IEL // PJA- Lusa/Fim
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