Comi filhoses de pai incógnito, mas a mãe foi a minha irmã;
coscorões que detesto o nome, porque é semelhante a algo que não toma banho;
fatias paridas que estavam grávidas de calda de açúcar;
baba de camelo que, se não me engano, o nome lembra-me um creme que o indiano me impinge cada vez que passo em frente da loja;
bolo rei que tinha coroa e tudo, assim como uma fava que quase me partiu um dente;
bacalhau que nadava, nadava no azeite e não chegava a terra; outro bacalhau que andava abraçado numa suruba ferrenha com a broa e a couve; peru de caso com farinheira; batatas à pera umas com as outras; batatas que foram ao calor da praia e ficaram bronzeadas; bolo africano assim como brigadeiros da mesma etnia e mais nem sei o quê!
Isto de enfardarmos como umas formigas cortadeiras soltas na plantação ou dentaduras elétricas, desenfreadas, em cima de uma mesa, não acaba bem…
Hoje, pensei:
Há dois dias que como feito uma codorniz em cativeiro, com as luzes acesas e tudo, (só não pio, por enquanto!), restam-me as opções
1- Vou a correr, a pé, de Oeiras onde passei o Natal, finjo que estou a fazer cooper voluntário e me mando até Lisboa onde vivo
2- Saio a rebolar e assim vou, disfarçadamente, até casa
3- Fico três dias sem comer para desmoer a “enfardação” desmedida
4- Confesso-me, mas fico sujeita a ouvir ” Não se mexe em time que está ganhando e, no Natal, jogamos todos no mesmo”!
Resumindo:
Com tantas opções, voltei para casa de carro, não me confessei e ainda trouxe alguma comida para continuar a sessão-pecado-engorda “xicóbel”, esparramada no sofá que não dá palpites porque é mudo!