Praia, 08 jan 2022 (Lusa) – O Presidente cabo-verdiano considerou hoje Angola como um exemplo da “África não submissa” desejado para o futuro do continente, apostando no reforço das relações bilaterais na visita de Estado que a partir de domingo realiza a Luanda.
“Angola tem uma perspetiva destemida, é a África não submissa que nós queremos para o futuro e, portanto, esta visita tem um forte valor simbólico e sobretudo pelo facto de ser o primeiro país também que visitarei enquanto Presidente da República”, destacou José Maria Neves, em declarações aos jornalistas na Praia.
O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, realiza de 09 a 12 de janeiro uma visita de Estado a Angola, a primeira deslocação do género ao exterior desde que assumiu funções.
“Angola desempenha um papel de ‘player’ na região da África austral, na África central e em todo o continente africano e na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa)”, destacou José Maria Neves.
De acordo com uma nota anterior da Presidência da República cabo-verdiana, trata-se da “primeira visita de Estado” de José Maria Neves a um país terceiro e “vem efetivar o convite efetuado” pelo Presidente angolano, João Lourenço, um dos chefes de Estado presentes na tomada de posse do Presidente cabo-verdiano, em novembro passado.
“Uma visita extremamente importante, é a primeira visita de Estado que faço ao exterior, a Angola, um país africano, mas também que preside à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e vai ser um momento de reforço das relações de amizade e de cooperação entre Cabo Verde e Angola”, destacou hoje José Maria Neves.
Do programa da visita consta um encontro de José Maria Neves com o Presidente de Angola, João Lourenço, na segunda-feira, 10 de janeiro, no Palácio Presidencial, seguido de uma declaração conjunta à comunicação social.
“Há aqui enormes potencialidades. Angola já tem investimentos importantes em Cabo Verde no domínio da banca, no domínio das telecomunicações, no domínio dos combustíveis. Queremos alargar para outros setores designadamente os transportes aéreos e marítimos, e também a questão do turismo e do ensino superior, ciência e inovação e toda a área da reforma do Estado e da Administração Pública”, descreveu José Maria Neves.
Ainda na segunda-feira, o chefe de Estado cabo-verdiano vai ser recebido na Assembleia Nacional de Angola, também em Luanda, numa sessão plenária extraordinária em alusão à visita.
“Esta visita será também uma oportunidade para falar ao parlamento angolano e através do parlamento ao povo angolano sobre a necessidade que todos temos de reforçarmos a cooperação entre os nossos países nestes tempos de pandemia”, afirmou, garantindo que a deslocação a Luanda representa um “sinal forte” para o “reforço” das “relações de amizade e de cooperação” entre Cabo Verde e Angola.
“Tem um forte simbolismo. Angola é um país muito amigo de Cabo Verde, com o qual, reafirmo, temos a intenção de reforçar e elevar o patamar das relações entre os dois países”, disse.
Durante a visita a Luanda está também previsto um encontro de José Maria Neves com a comunidade cabo-verdiana radicada em Angola.
“Nós precisávamos levar mais Cabo Verde a África e mais África a Cabo Verde. A zona de livre comércio que está em implementação [em África] precisa de ser efetivamente implementada, acelerada, para aumentarmos as trocas entre os países africanos. Isso é essencial é um pilar fundamental na construção do futuro do continente”, assumiu.
Integram a comitiva do Presidente cabo-verdiano representantes dos partidos políticos com assento parlamentar, nomeadamente do Movimento para a Democracia (MpD) e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), bem como das duas câmaras de comércio do arquipélago.
“Queremos que haja mais parcerias, queremos um pouco que Angola transforme Cabo Verde numa plataforma de negócios nesta região e seria, portanto, importante essa troca”, apontou o chefe de Estado.
José Maria Neves, antigo primeiro-ministro (2001 a 2016) pelo PAICV (atualmente na oposição), tomou posse em 09 de novembro de 2021 como quinto Presidente da República de Cabo Verde, após vencer na primeira volta as eleições presidenciais cabo-verdianas de 17 de outubro.
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