Lisboa, 02 mar (Lusa) – O projeto “Tabanca Solar”, desenvolvido por Inês Rodrigues na Guiné-Bissau, venceu a 7.ª edição do ‘Prémio Terres de Femmes Portugal’, iniciativa que anualmente destaca um projeto em curso desenvolvido por uma portuguesa, anunciou hoje em Lisboa a Fundação Yves Rocher.
Inês Rodrigues, no âmbito da sua atividade enquanto professora e formadora, foi confrontada com as histórias de vida de alguns alunos oriundos de países africanos, de acordo com o comunicado da Fundação Yves Rocher.
Segundo a nota, a galardoada idealizou um conceito de aldeia (tabanca) solar em que a iluminação das casas, a confeção das refeições e a conservação dos alimentos dispensasse qualquer tipo de fio elétrico, segundo a Fundação.
Para executar o seu projeto, Inês Rodrigues criou a Educafrica, organização não-governamental (ONG) a que preside, cujos voluntários estudam e desenvolvem soluções para problemas diagnosticados na Guiné-Bissau, país onde posteriormente são implementadas.
Através da simples reutilização de garrafas de água, Inês Rodrigues conseguiu iluminar as habitações de duas aldeias da Guiné, como se fossem lâmpadas de 50 Watts (W).
Para evitar acidentes domésticos causados pela utilização de fogo e panelas no chão, bem como o abate diário de árvores para obtenção de madeira, a responsável pela Educafrica criou também um forno solar que permite confecionar uma refeição para uma família de cinco pessoas em cerca de uma hora.
Com o objetivo de dar resposta à falta de meios de conservação alimentar, o que resulta na escassez de provisões para a população, o projeto de Inês Rodrigues criou ainda um desidratador solar, equipamento que permite a secagem e conservação de frutas e legumes sem que estes percam as suas qualidades e valores proteicos durante o período de dois anos.
Recorrendo à energia solar, Inês Rodrigues trabalhou também na criação de um sistema fotovoltaico que permite iluminar centros de saúde e escolas, permitindo a assistência à população durante a noite, bem como a alfabetização após a jornada de trabalho.
Por ser um projeto altamente inovador, Inês Rodrigues recebe o galardão, bem como um prémio no valor de 10 mil euros, entrando na corrida ao Prémio Internacional que disputará com outros oito países, bem como ao Prémio do Público, no valor de 5 mil euros, sujeito a votação online (em www.yves-rocher-fondation.org/terre-de-femmes/), de 09 a 27 de março.
O projeto “Cabaz de Peixe”, da autoria da bióloga Catarina Grilo, recebeu também uma menção especial no valor de três mil euros.
Este projeto está a ser desenvolvido em Sesimbra e pretende, através do envolvimento das comunidades piscatórias na comercialização do produto da sua atividade, reduzir o desperdício de peixe ao mesmo tempo que disponibiliza ao consumidor um produto de origem local a um preço mais reduzido.
Criado há 15 anos pela Fundação Yves Rocher, o ‘Prémio Terre de Femmes’ tem como objetivo distinguir, dar visibilidade e apoiar financeiramente projetos de mulheres que trabalham com temas voltados para a sustentabilidade ambiental.