Este ano, o Encontro Virtual de Escritores Lusófonos na Venezuela prestará homenagem a Agustina Bessa-Luís, uma das maiores escritoras portuguesas contemporâneas. Entre os dias 26 e 30 de dezembro, o público poderá participar gratuitamente em conversas, através de plataformas de internet, e assistir a entrevistas (traduzidas para o espanhol) com autores convidados do Brasil, Macau, Moçambique e Portugal.
Caracas – O III Encontro de Escritores Lusófonos na Venezuela regressa este mês, entre os dias 26 e 30, às 17 horas (hora da Venezuela) e 21h (hora de Lisboa) para celebrar o centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís, com o objetivo de dar a conhecer a um público maioritariamente de língua espanhola uma grande autora de literatura portuguesa do século XX. Este evento marca a agenda cultural do fim do ano de 2022 e é, também, uma oportunidade ímpar para se conhecer a produção literária, em língua portuguesa, de outros quatro autores, da África, América, Ásia e Europa, que falarão das suas obras.
Organizado para celebrar e enaltecer a riqueza literária da Língua Portuguesa e os seus criadores espalhados pelas diferentes partes do mundo, o III Encontro de Escritores Lusófonos na Venezuela realiza-se graças aos esforços da Embaixada de Portugal em Caracas, do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e da Coordenação de Ensino Português. Conta, também, com o apoio do Instituto Português de Cultura, da Feira Literária Internacional de Poços de Caldas no Brasil e do Correio da Venezuela.
A GRANDE SENHORA DAS LETRAS
A primeira sessão, no dia 26 de dezembro, será dedicada a Agustina Bessa-Luís (15.10.1922 – 03-06-2019), autora maior das letras portuguesas. Fátima Marinho, Professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e especialista na obra da mencionada autora, será a encarregada de apresentar Agustina e a sua obra.
“A Sibila” (1954) é o romance pelo qual mais se conhece Bessa-Luís, dentro e fora de Portugal. “É um clássico da literatura portuguesa. Nele, Agustina apresenta personagens extraídos de um mundo profundamente português, da vida rural do norte de Portugal, de onde a escritora era oriunda”, explicou o professor Rainer Sousa.
Agustina Bessa-Luís é autora de mais de uma centena de livros que ainda são pouco conhecidos no mundo hispânico, onde pelo menos uma dezena foi traduzida para o espanhol. “Nunca tive a ambição de ser conhecida. Se a literatura tem qualidade, sobrevive”, afirmou Agustina Bessa-Luís.
A autora de “Vale Abraão”, “Contos Impopulares” e “Fanny Owen” é apreciada, não só pela originalidade e a densidade da sua escrita, mas também pela variedade da sua obra, que inclui romances, biografias, memórias e contos, passando por outros géneros, tais como o ensaio, teatro, livros infantis e crónicas de viagem. A destreza da sua escrita pode ser comparada com a dos principais mestres europeus contemporâneos. Na literatura feminina, Agustina Bessa-Luís partilha a mesma galeria de vultos gigantes, tais como Virginia Woolf e Maragarite Yourcenar.
Tendo em conta a importância de Agustina Bessa-Luís, em 2023 o Instituto Camões promoverá a obra da homenageada através da distribuição de bibliotecas com livros da autora, que terão como destino universidades venezuelanas, permitindo aos estudantes de português um melhor conhecimento da produção literária da grande escritora portuguesa.
PARA A AGENDA
Para o segundo dia do Encontro Virtual de Escritores Lusófonos, na terça-feira 27, contar-se-á com a participação de Afonso Reis Cabral, um jovem autor português que, com apenas 33 anos de idade, conquista leitores e críticos. Afonso Reis Cabral começou a escrever muito cedo. Aos 13 anos procurava histórias para contar e aos 15 publicou o seu primeiro livro de poemas chamado “Condensação”. É autor de dois romances, “O Meu Irmão”, que mereceu o Prémio LeYa, em 2014, e “Pão de Açúcar”, este último, reconhecido com o Prémio José Saramago, em 2019. Em 2017 foi galardoado com o Prémio Europa David Mourão-Ferreira, na categoria de Promessa, e em 2018 ganhou o Prémio Novos, na categoria de Literatura. Reis Cabral é editor independente.
A poetisa e escritora de ficção brasileira Kátia Bandeira de Mello-Gerlach será a protagonista do encontro de quarta-feira, 28 de dezembro. Nascida no Rio de Janeiro e radicada em Miami, organizou várias antologias de poemas e é autora vários romances. Em 2018, recebeu o prémio “Escritor sem Fronteiras”, no Festival Literário de Poços de Caldas, no Brasil. Em 2020, foi escritora convidada para o IX Encontro de Língua Portuguesa, organizado pela universidade UMass Boston e pelo Instituto Camões.
Na quinta-feira, 29 de dezembro, está prevista a participação de Carlos Paradona Rufino Roque, de Moçambique, autor de “Tchanaze, Donzela de Sena” (2019) e “N’tsai Tchassassa, a Virgem de Missangas” (2022). A produção literária deste autor, de 59 anos de idade, começou com a publicação de poemas na década de 1980, uma atividade que continuou ao longo da sua carreira e que foi acompanhada pela produção de contos e de ensaios. Em 1992, apresentou o livro de poemas “A gestação do Luar”. Carlos Paradona Rufino Roque é membro da Associação de Escritores Moçambicanos desde 2002, tornando-se seu Secretário-Geral em 2018.
Para terminar o III Encontro de Escritores Lusófonos, Rainer Sousa conversará na sexta-feira, 30 de dezembro, com Jorge Alberto Hagedorn Rangel, Presidente do Instituto Internacional de Macau (China) e impulsionador de uma ampla atividade académica, cultural e associativa. Rangel conta com uma extensa bibliografia, que inclui vários títulos, todos dedicados a Macau. Mantém, desde há muitos anos, no jornal “Tribuna de Macau”, uma coluna semanal intitulada “Falar de nós”, que tem Macau sempre no centro das suas reflexões.
CADA VEZ MAIS ESTUDANTES
De acordo com o Coordenado de Ensino na Venezuela, a edição do Encontro de Escritores deste ano é uma oportunidade para continuar a divulgar o português e fazer despertar o interesse de mais venezuelanos pela Língua Portuguesa, especialmente entre os jovens.
Segundo o Embaixador de Portugal em Caracas, João Pedro Fins do Lago: “Na Venezuela, onde existe uma muito grande Comunidade Portuguesa e onde o ensino do português se encontra em expansão, com cada vez mais escolas a ensinar a língua e um número de alunos que não pára de aumentar, este evento pretende divulgar o valor que o português tem na atualidade e sobretudo a importância que terá no futuro dos jovens e do mundo. Este ano foi especialmente produtivo para o Ensino do português na Venezuela, onde, hoje em dia, contamos com mais de 9.500 alunos que aprendem a língua de Camões, dos quais, aproximadamente 8.900, no ensino oficial, distribuídos por mais de 30 escolas. Cerca de 110 alunos têm aulas de português, em regime extracurricular, nas escolas venezuelanas. Por sua vez, as associações da Comunidade Portuguesa desempenham um papel insubstituível e de crucial importância, ensinando português a mais de 470 alunos na Venezuela”.
Estima-se que no primeiro trimestre de 2023 se poderá elevar a 10.000 o número de alunos de português, com a incorporação de novas escolas no ensino da língua de Camões.
O aumento de estudantes deve-se, em parte, à mudança operada na lei venezuelana, que passou a permitir a inclusão de outras línguas, para além do inglês, nos programas das escolas.
Todas as entrevistas do III Encontro Virtual de Escritores Lusófonos serão transmitidas nos dias referidos, às 17h (hora da Venezuela), 21h (hora de Lisboa), pelos canais de instagram: @cepe.vzla; YouTube; Coordenação de Ensino Português no Estrangeiro Vzla e Correio da Venezuela; bem como através das contas de Facebook: Cepe.vzla; Correio da Venezuela; Embaixada de Portugal em Caracas; e pelo Twitter: @CepeVzla