Maputo, 04 set 2019 (Lusa) – O Papa Francisco saiu às 18:25 locais (mais uma hora do que em Lisboa) do avião que o transportou até à Base Aérea de Maputo para uma visita ao país que vai durar até sexta-feira.
Uma forte ovação eclodiu assim que se viu o Papa, recebido na pista pelo presidente moçambicano, Filipe Niusy.
À sua espera, já noite, estavam centenas de peregrinos a entoar cânticos que o chamam de mensageiro da paz e reconciliação.
Após uma cerimónia de boas-vindas e depois de percorrer em papamóvel algumas avenidas da cidade, o programa do líder da igreja católica continua na quinta-feira, com uma visita de cortesia ao Presidente da República, no Palácio da Ponta Vermelha, onde fará o seu primeiro discurso em Moçambique.
Hoje, houve tempo apenas para saudações e alguma troca de palavras com quem o recebeu – os titulares dos órgãos de soberania, membros do Governo e da Conferência Episcopal de Moçambique.
Entre os membros do Governo estava Joaquim Chissano, ex-presidente moçambicano, com o qual Francisco manteve um breve diálogo.
Enquanto chefe de Estado, entre 1986 e 2005, Joaquim Chissano recebeu João Paulo II na primeira visita de um papa ao país em 1988 – e foi sob a sua presidência que se assinou o primeiro acordo de paz entre o Governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em 1992, pondo fim à guerra civil no país.
O terceiro acordo de paz foi assinado a 06 de agosto e os cânticos de hoje são o reflexo de que todos esperam que a visita de Francisco contribua para consolidar o novo entendimento.
Antes de sair da base aérea no papamóvel, após todo o protocolo oficial, o líder da igreja católica ainda foi brindado com o ambiente festivo de grupos culturais com danças e cantares locais.
O Papa Francisco vai ficar hospedado nas instalações da nunciatura e até lá percorreu, durante cerca de meia hora, algumas das principais avenidas da capital, ao longo das quais foi sempre saudado por grupos de pessoas que acenavam à sua passagem, apesar de já ser noite.
“Queremos muita bênção, muito amor, paz. E sermos unidos”, pediu Britney, acompanhada por Arlindo, dois jovens voluntários que orientam e estancam a multidão.
Duas peregrinas da província de Xai-Xai, a cerca de 200 quilómetros de Maputo, seguem ali mesmo ao lado com duas saias feitas de um tecido especial: sobre o fundo azul está estampada a face do Papa e o mapa de Moçambique.
“Este tecido dá para fazer tudo: saia, túnica ou vestidos. É um lembrança do nosso papa”, descreveu Bela Mabote, que assistia à passagem do Papa ao lado de Luísa Felisberto.
Ao longo do percurso é possível encontrar de tudo para recordar a visita.
No meio da multidão que se esgueira sobre a vedação da pista da Base Aérea de Maputo, Júlia dos Santos pede a bênção para um retrato de Francisco feito a lápis de carvão.
“Foi feito por um amigo. Vai servir para lembrar esta data”, referiu.