Díli, 05 set 2019 (Lusa) – A ministra da Educação timorense disse hoje que o investimento que o Governo vai fazer, num projeto com apoio de Portugal para melhorar a proficiência dos professores timorenses, é sinal claro do empenho de Timor-Leste nesta matéria.
“Com este projeto Pró-Portugués é sinal de que Timor-Leste tem responsabilidade e interesse em investir na língua portuguesa. Com este projeto, não há dúvida nenhuma sobre isto. Temos de fazer e continuar a implementar para ter bom resultado”, disse à Lusa Dulce Soares.
A governante falava depois de assinar, em nome de Timor-Leste, e conjuntamente com Luis Faro Ramos, responsável do instituto Camões, um protocolo para um novo programa de formação contínua em língua portuguesa de professores do ensino não superior, com um custo de 16,28 milhões de euros até 2022.
O projeto prevê o desenvolvimento das competências e proficiência em Língua Portuguesa – Nível B2 de todos os professores, de todos os ciclos de ensino (Educação Pré-Escolar, Ensino Básico e Secundário) do sistema educativo do ensino não superior timorense, de escolas dos 65 Postos Administrativos.
O acordo prevê que a maior fatia do projeto seja financiada pelo Governo timorense, cabendo ao Camões o cofinanciamento no valor total de 3,34 milhões de euros durante os três anos de vigência do projeto.
“Este projeto demorou algum tempo de preparação. Tentámos fazer uma avaliação externa para ver como podíamos melhorar o projeto”, disse.
“Antes, o projeto era para todas as disciplinas, mas o Pró-Português é só dirigido apenas aos professores em língua portuguesa. Só isto pode ajudar os professores timorenses a terem uma capacidade em língua portuguesa, baseada nos resultados dos diagnósticos e de avaliação do projeto”, afirmou.
Como incentivo à aprendizagem, a formação vai agora “encaixar como uma parte de avaliação do desempenho dos professores”, procurando maximizar assim o aproveitamento.
Luis Faro Ramos, que iniciou hoje uma visita de três dias a Timor-Leste, disse por seu lado à Lusa que o Pró-Português é um projeto “complexo e ambicioso, mas é sobretudo inovador”.
O seu sucesso, afirmou, “vai mudar qualitativa e quantitativamente, para sempre, o panorama da educação e da proficiência em língua portuguesa em Timor-Leste”, referindo que envolverá 86 formadores, 33 portugueses e 53 timorenses, alcançando 4.300 professores timorenses por ano.
“É inovador e nunca se fez nada disto até agora em Timor. É evidente que a cooperação portuguesa com Timor na área da educação não é de agora. Vamos aprendendo as lições com os projetos que desenvolvemos”, disse.
“Estamos a arrancar com este projeto, mas temos outros na área, do ensino superior, da defesa, dos jornalistas e comunicação social. Estamos a tentar dar a esta intervenção no setor da educação a dinâmica que merece e estar à altura da excelência das relações entre os dois países”, disse.
Durante a visita a Timor-Leste, Luís Faro Ramos tem previstos encontros com vários responsáveis timorenses com quem analisará os vários componentes do programa mais amplo de cooperação português.
Hoje está prevista uma visita à Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) e à Escola Portuguesa de Díli e na sexta-feira atividades culturais e visitas a Aileu e Same.
Deverá ser ainda assinado um novo protocolo entre o programa de reforço da Gestão e da Supervisão das Finanças Públicas em Timor-Leste (PFMO) – financiado pela União Europeia no modelo de cooperação delegada no Camões – e o Centro de Estudos para a Paz e Desenvolvimento (CEPAD) timorense.
“Por muitos professores portugueses que venham aqui ensinar português., o que fica mesmo para o futuro é quando forem professores timorenses habilitados a formar timorenses em língua portuguesa. É disso que se trata”, sublinhou Faro Ramos.
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