Praia, 15 mai 2023 (Lusa) – A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) tem vindo a atrair estudantes de vários países e entre os dez atualmente em regime de mobilidade está Greta Soós, que trocou Budapeste pela capital cabo-verdiana por alguns meses.
“Escolhi Cabo Verde porque queria melhorar o meu português e ter conhecimentos novos sobre outros países da língua portuguesa. Além disso adoro a natureza de Cabo Verde, vi nesse Erasmus+ uma oportunidade de ter uma relação mais próxima com o meio ambiente”, explicou, em conversa com a Lusa, Greta Soós, da Hungria.
Natural de Budapeste, tem 23 anos e estuda na Eötvös Loránd University. Chegou a Cabo Verde em 25 de fevereiro último, no âmbito do programa europeu Erasmus+, para frequentar, em regime de mobilidade, o curso de Estudos Cabo-verdianos e Portugueses, na Uni-CV.
“Gostaria de conhecer ainda mais este país fascinante e visitar novos lugares durante a minha estadia aqui. Se dependesse de mim eu estaria constantemente à procura de novas aventuras em Cabo Verde”, concluiu, assumindo que se tratou de uma escolha assertiva, pois conseguiu adaptar-se rapidamente às aulas, com o apoio da universidade, nomeadamente professores e colegas.
Grande parte dos alunos estrangeiros que escolhe Cabo Verde para frequentar cursos em regime de mobilidade justifica-o com a proximidade à língua oficial, que é o português. Alguns conhecem o país não só pelas informações sobre cultura, mas também a segurança.
Maria Eduarda Lindolpho, brasileira de 21 anos, é outro desses exemplos.
Estudante do quarto ano do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Goiás, chegou à Uni-CV em 09 de março, para continuar os estudos em regime de mobilidade, que se prolonga até julho.
“Eu sempre quis conhecer Cabo Verde. Quando vi Cabo Verde na lista dos países para fazer mobilidade vi a minha chance de realizar um sonho, já ouvi falar muito e interessei-me bastante pela cultura e os pratos que via nas fotos que pareciam ser bastante estranhos para mim, mais hoje posso afirmar que são muito bons e saborosos”, brincou a estudante.
Maria Eduarda Lindolpho escolheu Cabo Verde através do regime de mobilidade no âmbito de uma parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para frequentar as disciplinas de Inglês, Francês, Economia e Políticas de Cooperação Internacional e Teoria dos Jogos.
“Comparando com o Brasil, as aulas são melhores porque aqui em Cabo Verde os alunos têm a liberdade de participar nas aulas. Isso faz com que a aprendizagem seja melhor e eu gostei bastante desse modelo. Permite que os alunos participem e se integrem sobre aquilo que esta a ser lecionado. E os professores estão bastante preparados para lecionar mesmo”, explicou Maria Eduarda.
De acordo com informação da Universidade de Cabo Verde, a instituição tem dois tipos de mobilidades disponíveis para estudantes nacionais e estudantes de universidades estrangeiras, podendo ocorrer em qualquer área de estudo. Atualmente são dez estudantes estrangeiros a frequentar a Uni-CV, segundo a instituição.
Já Harm Van Barneveld, estudante neerlandês de 23 anos da Universidade de Ciências Aplicadas de Roterdão, escolheu Cabo Verde para fazer a sua tese em Gestão de Água, precisamente pelos problemas que o arquipélago enfrenta, com uma seca prolongada há mais de quatro anos.
“Eu queria muito vir para Cabo Verde porque é um dos países que tem bastantes problemas relacionados com a agua e nunca ninguém do meu escritório [do bacharelato da universidade, nos Países Baixos] tinha vindo para Cabo Verde, então eu seria o primeiro. Achei que Cabo Verde tinha um conjunto de problemas interessantes relacionados com a água que gostaria de ajudar a resolver”, frisou Harm Van Barneveld.
Chegou à Praia em 12 de fevereiro e confessa que o maior desafio tem sido a comunicação, para obter as informações necessárias para a tese, mas pretende aprender e conhecer a cultura de Cabo Verde.
“Quero visitar alguns lugares, principalmente a ilha de Fogo que é uma vontade bem antiga que tenho”, disse, prevendo ficar em Cabo Verde pelo menos até 13 de junho.
Com mais de 4.000 estudantes em cursos profissionalizantes, licenciaturas, especializações, mestrados e doutoramentos, e polos na Praia e Assomada (ilha de Santiago) e na ilha de São Vicente, a Uni-CV assinalou em novembro passado o seu 16.º aniversário.
A maior universidade de Cabo Verde está ainda entre as 100 melhores (96.ª) do continente africano em 2021, segundo o ‘ranking’ divulgado este mês pela International Colleges & Universities.
A instituição recebeu em julho de 2021 o novo campus, construído pela China ao longo de quatro anos nos arredores da Praia, num investimento de 5.600 milhões de escudos (50,7 milhões de euros).
Este novo campus ocupa uma área de 28.000 metros quadrados, com um total de 18 edifícios e 61 salas de aula, 16 laboratórios informáticos, 34 laboratórios e biblioteca com oito salas de estudo, para receber 4.890 estudantes e 476 docentes.
Conta ainda com uma residência de estudantes com 142 quartos e cinco auditórios com capacidade para 150 lugares e integra igualmente um salão multiusos com 654 lugares, edifícios de administração, edifícios pedagógicos, centro de serviços, incluindo refeitórios, e campos desportivos.
PVJ // VM – Lusa/Fim
Foto de destaque: Universidade de Cabo Verde – UniCV