Estudantes dos PALOP participam no “Integra” e já têm planos de negócios.

Bragança, 29 jun (Lusa) – Os angolanos Laurindo e Aldaire estão a estudar no Politécnico de Bragança e já tem planos de negócios para quando regressarem ao país de origem graças à experiência de um programa destinado a integrar os alunos dos PALOP.

Ambos participaram nos últimos meses nas atividades do “Integra”, um programa do Centro de Ciência Viva de Bragança, em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que lhes permitiu “aprender uma série de coisas que só pela escola” não seria possível, como disseram à agência Lusa.

A iniciativa é de âmbito nacional com o propósito de ajudar a integrar, através da Ciência, quem chega de fora nas comunidades locais. Em Bragança, o Centro de Ciência Viva decidiu destiná-lo aos 417 estudantes do IPB oriundos dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) com o projeto, de duração de dois anos, “Rotas Científicas para uma Integração Intercultural”, explicou à Lusa a responsável, Ivone Fachada.

Desde novembro, um grupo de 25 jovens estudantes tem marcado presença assídua nas diferentes ações que se dividem por três diferentes “ilhas” de conhecimento: empreendedorismo, ciência e tecnologia e multiculturalidade.

No empreendedorismo, como indicou Ivone Fachada, os jovens aprenderam a criar um micro negócio e experimentaram o contacto com o público comprador na iniciativa municipal “Banca na Praça”, em que venderam produtos alimentares.

Na vertente da ciência e tecnologia fizeram passeios de geologia urbana, ‘workshops’ de fotografia, de fito farmacologia com algumas plantas podem utilizar nos seus países para desenvolver produtos medicinais.

A vertente da multiculturalidade permitiu aos jovens partilharem no edifício sede do Centro de Ciência Viva “pequenos laivos da sua cultura, desde a música à gastronomia”.

Laurindo Ladeira tem 25 anos e chegou a Bragança, vindo de Angola há mais de dois anos para estudar no IPB.

Soube do programa “Integra” a partir da Associação de Estudantes Africanos, de que foi vice-presidente.

“Entrei aqui não sabendo muito coisa e saio daqui sabendo muito mais por causa da variedade de assuntos que foram cá tratados”, resumiu à Lusa esta experiência com a Ciência.

Laurindo destaca a vertente do empreendedorismo convicto de que depois do que aprendeu já se pode “aventurar a ganhar dinheiro, fazer novos negócios”.

“Antes de vir para Bragança já tinha começado a produzir sabão caseiro, em Angola, e penso que, com a formação que recebi, vai dar para criar mais alguma coisa, ou seja ir mais a fundo nisso”, concretizou.

Tanto na instituição de ensino superior que frequenta como nas ações do programa “Integra”, o jovem afirma ter-se sentido “em casa”.

“Tenho dito que, desde que cheguei cá a Bragança, tenho-me sentido em casa e este projeto, para mim, serviu exatamente para isso: senti-me a fazer coisas como se estivesse na minha casa. Em momento algum senti que estivesse fora de Angola”, garantiu.

Aldaire de Almeida, de 23 anos, fez o mesmo percurso de Angola para Bragança, onde está também há mais de dois anos, e nos últimos meses participou em “90%” das atividades do “Integra”.

“Foi uma experiencia maravilhosa interagir com os colegas e com os formadores, com conceitos técnicos que levo e que desconhecia”, partilhou com a Lusa, realçando “a experiência prática de formular um negócio”.

Aldaire acredita que vai ser “muito útil” porque tem “ideias de negócio e há muita coisa” que aprendeu que “valerá muito no futuro”.

“É essencial esta atenção das entidades pelo facto de que permite aos estudantes “aconchegar” mais aos hábitos, à Cultura de Bragança, e aprender uma série de coisas que só pela escola não poderíamos aprender”, enfatizou.

Também para os professores do politécnico de Bragança este projeto é uma aprendizagem e oportunidade de aproximação aos jovens estudantes, como disse à Lusa o docente Vítor Gonçalves.

“Estes alunos focam-se em comunidades muito específicas e nem sempre é fácil entrar nos grupos deles e isto é uma forma de eles entrarem no nosso grupo, de se integrarem na comunidade”, considerou.

HFI // JGJ – Lusa/Fim
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