No Alentejo d’antigamente
Usava-se muito o calão
Era uso frequente
No Alentejo d’então
Ir de lado D’ATRAVESSO
Um doido um DESTREMBELHADO
Ao lábio chamavam BEIÇO
E ao estúpido APARVATADO
Barrar era BESUNTAR
Maluca era ESGROVIADA
Gemer se dizia IMPAR
E jeitosa BEM ESGALHADA
Lamaçal era ATASQUEIRO
Imitar ARREMEDAR
Mentiroso PANTEMINEIRO
À dança chamavam BAILHAR
Ao soco chamavam BANANO
Estar nú estar D’EMPELÃO
Ao homem velhaco MAGANO
E o testículo era um BALÃO
Havia dizia-se ÓVERA
Borrado era estar CAGÁDO
À bebedeira chamavam PIELA
E levar porrada ser MALHADO
Homem forte MANGANÃO
Ir de pressa ir GASPEADO
Brincadeira MANGAÇÃO
Estar tonto estar AZOADO
Pontapé era um BIQUEIRO
Enganar ENDROMINAR
Um guloso um GARGANÊRO
E tropeçar era EMBICAR
Zangado era ENCHORIÇADO
Ser mole era ser LANGÃO
Espantado era ESCALMORRADO
E vento Sueste era SUÃO
Colocar era PRANTAR
E fugir DAR AO CHINELO
Comer era MANDUCAR
Passear ANDAR NO LARÉ
Uma chatice era um RALO
Espirrar JESUS MARIZÉ
Um hematoma era um GALO
Epidemia era ANDAÇO
Um mendigo era um MALTÊZ
Desacato era ARRUAÇO
Homem traído CHAROLÊZ
Conversa longa LENGA LENGA
Ao ódio chamavam RINHA
Doença era MALAZENGA
Dor de cabeça MOINHA
Uma pedra era um BAJOLO
Coisa sem valor BALHANA
Ao vesga chamavam ZAROLHO
E dormir BATER UMA SORNA
Uma bolha uma BORREGA
O pobre era um ZÉ NINGUÉM
A cigarra era CEGA REGA
E a virgindade TRÊS VINTÉM
E um susto era um CAGAÇO
O magrinho era ENFEZADO
Ao pescoço chamavam CACHAÇO
E ao maluco CHANFRADO
À tagarela DESLEMBIDA
Ir embora DESANDAR
À prisão chamavam PILDRA
Parar de chover DESCAMPAR
Desordem era ZARAGATA
Desacatos ARRUAÇAS
A rédea era uma ARREATA
E sesta PASSAR P’LAS BRASAS
Uma confusão um ENRREDO
Um erro era uma ASNEIRA
Estar quieto PRANTAR-SE QUÊDO
E soltura era CAGANEIRA
Muito mais há p’ra dizer
Mas já chega de LENGA LENGA
A todos quero agradecer
Pois já vai longa a MOENGA
AUTOR: António Correia Ramos