Diz-me como escreves, dir-te-ei quem és.

Diz-me como escreves, dir-te-ei quem és, ou até, dir-te-ei como estás emocionalmente.

Há, sem dúvida, uma íntima relação entre as palavras e as nossas emoções. Quando recebemos uma mensagem calorosa, repleta de palavras que nos alegram o coração, isso é o suficiente para tornar o nosso dia mais feliz. Pelo contrário, palavras de carga negativa são como uma pedra que atiramos a uma janela. Até nos podemos arrepender, mas o vidro já partiu.

“Então…língua portuguesa bla, bla, bla e depois… BOOTCAMP??? TENHA VERGONHA!!!”

Recebi este comentário numa publicação que fiz há uns dias numa rede social sobre um evento no qual fui oradora – o Bootcamp da Executiva.
Como devo eu responder a tal comentário? Oferecendo palavras com a mesma chama emocional, ou, pelo contrário, usando as palavras com sabedoria e inteligência emocional?

Eu estudo palavras e sei bem o seu poder e alcance, mas sou humana e sei que, muitas vezes, as emoções tomam conta do nosso raciocínio e levam-nos a agir por impulso. Em cima do palco, pregar sobre o uso das palavras com sabedoria é tarefa fácil. O desafio é, na hora da verdade, pôr a teoria em prática quando a fornalha aquece.

Mas afinal, o que significa usar as palavras com inteligência emocional?

1.    Termos consciência da velha máxima: as nossas emoções são temporárias, mas as nossas decisões são permanentes. E por isso, replicar palavras negativas nunca, mas nunca compensa.

2.    Conseguirmos pôr-nos no lugar do outro: “provavelmente, a autora do comentário está a passar por alguma frustração pessoal ou profissional, o que a levou a usar tais palavras…”

3.    Finalmente, ter plena convicção de que a minha paz vale muito mais do que a minha razão. “Quer ser a pessoa com a razão? Sem problema. Eu prefiro ser a pessoa feliz, porque a minha paz vale ouro.”

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Sandra Duarte Tavares

Sandra Duarte Tavares é doutoranda em Ciências da Comunicação e mestre em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras de Lisboa. É professora convidada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, na Formação Avançada em Técnicas de Alta Performance de Comunicação Oral, e da Universidade Lusófona na Licenciatura de Comunicação Aplicada. Colabora, desde 2008, com a RTP em programas televisivos e radiofónicos sobre Língua Portuguesa e é cronista na Revista Visão (edição digital), integrando a Bolsa de Especialistas. É autora e coautora de vários livros sobre Língua Portuguesa e Comunicação. Conta ainda com 12 anos de experiência como consultora linguística e formadora de Comunicação em diversas empresas e instituições.
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