14 de março, aniversário natalício de CASTRO ALVES – um dos maiores poetas brasileiros – baiano, nascido em 1847.
Faleceu à flor da idade, em 1871, com apenas 24 anos.
Antonio Frederico de Castro Alves, poeta condoreiro, foi o maior representante da terceira fase do Romantismo, o Condoreirismo, que se caracterizou pelo forte apelo social e de justiça, abordando temas abolicionistas e republicanos e apresentando tom de oratória, com grande eloquência, imagens grandiosas e intensas.
Seu longo e belo poema “O Navio Negreiro”, tão conhecido, é a grande mostra das características do movimento, provocando, ainda hoje, grande emoção em quem o lê ou ouve sua declamação.
Pela importância de Castro Alves, 14 de março foi, por décadas, considerado nosso Dia da Poesia, contudo, nunca oficializado. A partir de 2015, foi instituído por lei o dia 15 de outubro como Dia Nacional da Poesia.
Para mim (e para muitos), porém, a Poesia pode e deve ser semeada e celebrada todos os dias! Assim sendo, também hoje a ela ergo um brinde.
Ao povo ucraniano – que com coragem sofreu séculos de lutas e domínios, de dores e sangue derramado, sem nunca esmorecer ou calar sua voz – ofereço duas estrofes de um poema de Castro Alves, a 1ª e a última de “Vozes d’África” (que escreveu em 1868, aos 21 anos), e muito bem serviriam para o momento atual (p. 108 e 112 de Os escravos):
“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito…
Onde estás, Senhor Deus?…”
(…)
“Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p’ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito…
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!…”
(do poema “Vozes d’África”, de Castro Alves)
Que o Senhor Deus ouça o brado desse povo e lhes traga a almejada paz! Que sejam desfraldadas pelo mundo as bandeiras da Paz e da Poesia!
Lilia Souza
(da Academia Paranaense da Poesia)
14 de março de 2022