Vinte e nove autores de língua portuguesa vão estar na Feira do Livro de Madrid

Lisboa, 17 maio (Lusa) – Vinte e nove autores de língua portuguesa participam na Feira do Livro de Madrid, que este ano conta com uma programação que abrange cinema, música e ilustração, procurando fazer a ponte entre os países lusófonos e ibero-americanos.

O programa da Feira do Livro de Madrid, que começa no dia 26 e que tem este ano Portugal como país convidado, foi hoje apresentado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Cultura, que destacaram que este é o “exemplo mais visível de uma atividade resultante da ação cultural externa” desenvolvida pelos ministérios.

A participação de Portugal caracteriza-se por uma variedade de iniciativas que abrangem as várias áreas artísticas, mas também científicas, porque “uma feira do livro tem que se pensar de uma maneira global e transversal”, considerou o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.

Ao todo, participam na programação portuguesa nove escritores espanhóis, sete autores de países estrangeiros de língua portuguesa e 22 autores portugueses, entre os quais se contam nomes como Afonso Cruz, João de Melo, Capicua, Pedro Mexia, Rui Cardoso Martins, Ana Luísa Amaral, Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares ou José Luís Peixoto.

Uma das iniciativas previstas é o encontro de escritores lusófonos, com a presença de Valter Hugo Mãe (Portugal), Evanildo Bechara (Brasil), Ondjaki (Angola), Mbate Pedro (Moçambique), José Luis Tavares (Cabo Verde), Flaviano Mindela (Guiné-Bissau), Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe) e Luís Cardoso (Timor-Leste).

Na feira haverá sessões dedicadas a autores clássicos de língua portuguesa, como Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, José Saramago, Ruy Belo, Maria Gabriela Llansol ou Herberto Helder.

Um dos destaques da feira será a apresentação de várias obras portuguesas, originais ou traduzidas, entre as quais “Almada Negreiros en Madrid”, de Filipa Soares e Enrique Andrés, “Húmus”, de Raul Brandão, apresentado por Nuno Júdice e Maria João Reynaud, “Salgueiro Mais. La libertad no es una utopia”, uma antologia de poemas em homenagem ao capitão de Abril, ou “Una casa com palabras adentro”, de Maria do Rosário Pedreira.

No que respeita ao cinema, durante os 17 dias que dura a feira, serão exibidos filmes portugueses, baseados em livros de língua portuguesa, uma iniciativa organizada em conjunto pelas embaixadas de Portugal e do Brasil e pela Secretaria-Geral Ibero-Americana, destacou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Ensaio sobre a cegueira”, de Fernando Meirelles a partir da obra de José Saramago, “O Delfim”, de Fernando Lopes sobre a obra de José Cardoso Pires, “O Primo Basílio”, adaptado ao cinema por Daniel Filho a partir de Eça de Queiroz, e “5 dias, 5 noites”, realizado por José Fonseca e Costa com base no livro de Manuel Tiago (pseudónimo de Álvaro Cunhal) são alguns dos filmes a ser exibidos no certame.

A área musical vai estar representada pelos músicos O’queStrada, Vitorino, Caixa de Pandora, Lula Pena, B Fachada e Norberto Lobo, em concertos distribuídos ao longo dos dias.

Ainda na cena musical, haverá um grupo de Cante Alentejano (de Pias) e o cantautor espanhol Luis Pastor vai cantar letras de José Saramago.

A programação infantil tem grande destaque na programação portuguesa para a Feira do Livro, em oficinas de ilustração organizadas por ilustradores como Catarina Sobral, André da Loba ou Nuno Saraiva e pela editora Planeta Tangerina, representada pela escritora Ana Pessoa e a ilustradora Joana Estrela.

Esta forte presença da programação infantil é justificada por Luís Filipe Castro Mendes com o facto de “a literatura para a infância e juventude ser cada vez mais importante no nosso panorama”.

Outra iniciativa, que é “um convite a que as pessoas leiam em língua portuguesa”, é as sessões de leitura, algumas bilingues, outras dramatizadas, de obras de Saramago, Fernando Pessoa, Ana Luísa Amaral ou Miguel Torga.

Haverá lugar ainda para várias conferências, dedicadas sobretudo às letras portuguesas e espanholas, de entre as quais o ministro dos Negócios Estrangeiros destacou uma sobre liberdade de imprensa, com a presença dos fundadores do Expresso, Francisco Pinto Balsemão, e do El País, Juan Luis Cebrián.

O programa conta ainda com uma série de mesas redondas, sobre diversos temas, como os festivais literários em Portugal, as livrarias históricas, os clássicos da literatura portuguesa, ou “literatura, jazz e física quântica, e a ciência da sinestesia”.

Entre os eventos associados, Augusto Santos Silva considerou que um dos de maior destaque é a oficina “Poesia a Copo”, organizada pelo Turismo de Portugal, que associa cinco escritores a cinco regiões e aos respetivos vinhos, caso de Sophia de Mello Breyner e o vinho do Douro.

AL // TDI – Lusa/Fim
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