Nova Iorque, 22 dez (Lusa) – O futuro diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) admitiu hoje que é um desafio manter a “grande tradição” do relatório.
Em entrevista à Lusa, o economista português Pedro Conceição, atual diretor de estratégia do Escritório para Políticas do PNUD, em Nova Iorque, assume o cargo de diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano em 01 de janeiro, uma mudança que considera representar “o culminar de um percurso”.
Pedro Conceição disse em entrevista que tornar-se diretor do Gabinete do Relatório, “uma das peças importantes do PNUD”, é “muito gratificante” e é encarado como uma oportunidade e um desafio de manter-se a par da “grande tradição”.
“O relatório e o gabinete têm uma grande tradição no PNUD e uma grande tradição na comunidade do desenvolvimento”, comentou o português que trabalha há 17 anos na agência de desenvolvimento das Nações Unidas, acrescentando que este produto anual das pesquisas sobre dados de quase 200 países vai comemorar 30 anos no ano de 2020.
Pedro Conceição vê-se também responsável por tentar introduzir inovações em torno do índice de desenvolvimento humano (IDH), ao discutir com a equipa da produção do relatório novos aspetos a serem integrados na avaliação das condições de vida.
Para o cargo vai levar uma “grande ambição e grande entusiasmo” e garantiu que vai tentar ir ao encontro das expectativas da administração do Programa de Desenvolvimento de “refletir sobre o conceito de desenvolvimento humano, dadas as transformações que têm havido na área da cooperação”.
O conceito de desenvolvimento humano tem de se “conciliar e adaptar para este mundo em transformação”, envolvendo melhoria das condições socioeconómicas da população mundial e também sustentabilidade ambiental, disse o doutorado em Políticas Públicas pela Universidade do Texas, que chegou à Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque em 2001 para fazer um pós-doutoramento.
A adoção dos objetivos de desenvolvimento sustentável (a chamada Agenda 2030, adotada pelos 193 Estados-membros da ONU) têm resultado, para Pedro Conceição, em mudanças rápidas ao nível da cooperação internacional e nas condições de vida, por ser uma “agenda universal”, que representa objetivos de todos os países.
“Eu penso que expressam aspirações da população em todo o mundo, para um mundo em que as desigualdades diminuam, em que as condições de vida melhorem, mas também que consigamos conciliar o desenvolvimento económico e social com a sustentabilidade ambiental”, resumiu o novo diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD.
Pedro Conceição era diretor de estratégia do Escritório para Políticas do PNUD desde 2014. Entre 2009 e 2014, Pedro Conceição foi economista do Escritório do PNUD para África e chefe da Unidade de Aconselhamento Estratégico desse gabinete. Antes, passou ainda pelos altos cargos do Escritório do Desenvolvimento de Estudos do PNUD, gabinete onde iniciou a sua carreira em 2001.
Licenciado em economia pela antiga Universidade Técnica de Lisboa e em física pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, Pedro Conceição contava regressar a Portugal em 2002 para ingressar no mercado de trabalho, depois do pós-doutoramento em Nova Iorque.
“Mas acabei por ir ficando, ano após ano, após ano”, concluiu o antigo professor universitário.
O IDH é atribuído a cada país de acordo com dados estatísticos verificados internacionalmente por entidades nacionais e internacionais de análises estatísticas, em saúde, condições económicas e educação.
A edição de 2018 do relatório de desenvolvimento humano destacou cinco aspetos de avaliação: qualidade do desenvolvimento humano, desigualdades de género, emancipação das mulheres, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade socioeconómica.
Todos os anos, o PNUD produz um relatório anual de desenvolvimento humano, um ‘ranking’ de todos os países analisados, que em 2018 foram 189, com explicações das tendências de evolução dos mesmos.