Macau, China, 26 ago 2025 (Lusa) – O ministro da Ciência e Tecnologia chinês defendeu hoje que Macau deve atrair mais investigadores estrangeiros, um apelo que terá entre os alvos os países lusófonos, disse à Lusa o líder de uma universidade local.
Durante uma visita à região semiautónoma chinesa, Yin Hejun apontou como meta para os quatro laboratórios de referência do Estado em Macau “criar um bom ambiente para atrair quadros qualificados”.
Num discurso, o ministro defendeu a necessidade de “aproveitar o ambiente e as vantagens de Macau”, nomeadamente a tradição de “cooperação com o exterior”, para contratar mais “talentos internacionais”.
Yin falava durante uma cerimónia a marcar a reestruturação dos quatro laboratórios, dedicados às áreas de medicina chinesa, ciência lunar e planetária, microeletrónica e Internet das coisas (comunicação entre objetos e aparelhos).
Os laboratórios, com sede na Universidade de Macau e na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), têm alcançado “resultados notáveis”, defendeu, na mesma cerimónia, o líder do Governo local.
Sam Hou Fai deu como exemplo “a investigação científica, a transformação de resultados de investigação, a formação de quadros qualificados e a cooperação internacional”.
À margem da cerimónia, o reitor da MUST disse à Lusa que o laboratório dedicado à medicina chinesa poderá ser o mais beneficiado por uma maior cooperação internacional, “especialmente com os países de língua portuguesa”.
“Temos de reforçar primeiro a colaboração e isso tem de começar por um entendimento mútuo e passar por um aumento nos fluxos comerciais de produtos relacionados com a medicina chinesa”, explicou Joseph Lee Hun-wei.
Mas o dirigente sublinhou que também o laboratório da MUST dedicado à ciência lunar e planetária “já recrutou um grande número de muito bons cientistas da Europa”, incluindo a astrobióloga portuguesa Marta Filipa Simões.
Em janeiro, a nova secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, disse querer “tornar Macau num local de concentração de quadros qualificados no mundo”, dando como exemplo os quatro laboratórios de referência do Estado chinês.
A dirigente apontou como objetivo “aproveitar plenamente a mistura única das culturas oriental e ocidental (…), tornando Macau uma porta importante para o intercâmbio e a compreensão mútua entre as civilizações chinesa e ocidentais”.
Em 2023, Macau aprovou vários programas para captar “quadros altamente qualificados” e “profissionais de nível avançado”, entre eles Prémio Nobel, nomeadamente com benefícios fiscais.
Os vários planos – que têm entre os alvos setores como produtos financeiros sustentáveis e aplicações de tecnologia financeira, inteligência artificial e robótica, têm critérios que valorizam o conhecimento da língua portuguesa.
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