Germano de Almeida considera que a polémica com o seu último livro está terminada

Praia, 17 out 2025 (Lusa) – O escritor cabo-verdiano Germano de Almeida considera que a polémica com o seu último livro está terminada e disse que a pessoa que ele acha que arranjou “a confusão” foi confrontada, mas negou e por isso o assunto acabou.

O escritor e Prémio Camões (2018) falava à agência Lusa à margem do XIII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, que decorre até sábado na capital cabo-verdiana, no qual apresentou hoje o Prémio de revelação literária UCCLA-Câmara Municipal de Lisboa, este ano atribuído a Cláudio da Silva.

Previsto para fevereiro deste ano, o lançamento do mais recente romance de Germano de Almeida – “Crime nas Correntes d´Escritas” foi temporariamente suspenso pela editora Leya, após a ameaça de uma ação judicial.

O livro fala do roubo de um manuscrito neste festival literário, realizado anualmente na Póvoa de Varzim desde 2000, e o autor da queixa terá sentido que a narrativa lhe atribuía a ele a autoria do crime.

“Aquela primeira história que surgiu foi qualquer coisa que nos ultrapassou”, disse.

Germano de Almeida garante que “o livro não ofende ninguém” e que foi escrito “com carinho”.

“A mim, o que me custa mais é que eu escrevi o livro por amizade, com as pessoas com quem convivia, com quem estou. Mesmo as pessoas mais visadas. Por exemplo, no caso da escritora Tânia Ganho, foi uma pessoa por quem eu senti um imenso carinho quando nos conhecemos e, curiosamente, só nos encontrámos fora aqueles dias mais uma outra vez, mas continuei a ter um grande carinho por ela, por isso é que criei-a como personagem, mas não para ofender, de forma nenhuma”, explicou.

O autor de “Os dois irmãos” recordou que, após a suspensão do lançamento do livro, a editora resolveu dizer que estava disposta a publicar o livro, tendo o lançamento ocorrido em abril deste ano.

“Eu julgo saber quem foi, mas, como a pessoa negou, acabou, não vou insistir. Não vale a pena, se ela diz que não foi…”, concluiu.

Uma nova obra do escritor deverá ser lançada em breve, resultante de uma longa entrevista que o autor deu a Ana Cordeiro, uma portuguesa que vive há décadas em Cabo Verde, onde foi diretora do Centro Cultural Português.

“A entrevista foi-me fazendo lembrar coisas”, disse, sublinhando que o exercício o conduziu várias vezes à sua infância, período do qual tem imagens fortes.

“Eu acho que eu tive uma infância feliz, quando eu nasci no paraíso. Eles dizem, como é que tu achas que a Boavista é um paraíso? Eu digo: Pois, era o meu paraíso. Por isso é que eu digo que Boavista é o centro do mundo”, disse.

E concluiu: “Cada um tem o seu centro do mundo. Para mim, Cabo Verde é o centro do mundo”.

Germano de Almeida promete continuar a deixar a marca da boa disposição na sua obra, assumindo-se como “um homem naturalmente otimista”.

“Eu não sei ser de outra maneira, na vida, na escrita. As pessoas dizem-me: Tu és igual aos teus livros. Ainda bem, porque eu detesto aqueles autores que a gente lê como prazer, mas são pessoas selvagens”.

“Não faço nenhum esforço para escrever desta ou daquela maneira. Sai naturalmente”, reiterou.

O XIII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, que decorre desde quinta-feira e até sábado, é organizado pela União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA) e a Câmara Municipal da Praia, na ilha de Santiago.

*** A Lusa viajou para Cabo Verde a convite da UCCLA ***

SMM // MLL – Lusa/Fim

Foto de destaque: Germano Almeida, 4 de setembro de 2018. EPA/Antonio Lacerda

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