Lisboa, 02 mai 2019 (Lusa) – O embaixador de Cabo Verde em Lisboa disse hoje à Lusa que os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão a discutir propostas para garantir meios financeiros para o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).
“A questão [do problema financeiro] do IILP já foi abordada em algumas reuniões do comité de concertação permanente e seguramente voltaremos, ainda no decurso deste ano, a debatê-la, não sei é se será ainda antes do Conselho de Ministros de Negócios Estrangeiros, em julho”, afirmou Eurico Monteiro, que é também o representante em Lisboa da presidência cabo-verdiana na CPLP, que é rotativa.
“O que sei é que tem havido uma preocupação dos Estados-membros com questões de ordem organizativa, institucional e financeira, por forma a garantir as contribuições para o IILP”, acrescentou.
Para o embaixador de Cabo Verde em Portugal, há dois níveis de problemas: o primeiro é o esforço que cada Estado-membro deve fazer para cumprir o pagamento das suas contribuições, porque, se as cumprirem, as necessidades financeiras do IILP vão diminuir “consideravelmente”, explicou.
Em segundo lugar, entra a parte adicional, que “é saber o que se pode fazer mais para mobilizar mais recursos”, para aquela entidade, esclareceu.
“O que queremos agora é assegurar mecanismos que garantam que os Estados cumpram com as suas obrigações relativamente ao IILP”, acrescentou Eurico Monteiro.
O IILP foi hoje considerado por vários participantes no seminário sobre “A Importância da Língua Portuguesa para as Gerações Futuras”, que decorreu em Lisboa, como um instrumento central na promoção da língua e expansão do ensino do português.
Segundo Eurico Monteiro, Cabo Verde “já cumpriu de certa forma uma parte das suas obrigações, suportando a reforma das instalações do IILP”, que tem a sede em território cabo-verdiano.
Agora, “além das diligências habituais no sentido do cumprimento dessas obrigações, fazendo-se apelos mais insistentes, mais fortes e mais firmes, para que os Estados cumpram, estão também a fazer-se reuniões específicas sobre a situação do IILP”, referiu o diplomata.
“Há várias sugestões e várias propostas que os Estados-membros estão a fazer, e há já algumas ações que poderão ser adotadas” para assegurar a capacidade financeira do IILP, declarou, adiantando: “São propostas que não sei se serão possíveis de discutir antes de julho, até porque são ações que têm de ser previamente concertadas com a Direção do IILP e terão de ser concertadas entre os Estados-membros”.
O diretor executivo do IILP, Incanha Intumbo, outro dos oradores do seminário, falou da importância que a língua portuguesa tem para o conhecimento da História, “porque há séculos de História em vários pontos do mundo e de vários países que se baseiam em documentos escritos em português”.
No mundo global e da internacionalização, esse conhecimento assume cada vez mais relevância, assim como o português como língua de negócios, considerou Incanha Intumbo, referindo que mesmo em países de África de tradição não portuguesa, como o francófono Senegal, a adesão ao ensino do português é cada vez maior. No Senegal já há hoje 40 mil alunos de português.
“Portanto, a nossa língua tem futuro e se não trabalharmos em prol do seu desenvolvimento as gerações futuras nos cobrarão”, afirmou o diretor executivo do IILP.
Além de Cabo Verde, fazem parte da CPLP Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.