Em 1974, um grupo de oficiais portugueses, reunido no Movimento das Forças Armadas, lançava a vasta operação de derrube da ditadura de 48 anos. Dirigido, na maioria, por jovens capitães, o golpe, que ficou conhecido por A Revolução dos Cravos, derrubou o regime de Marcello Caetano, pôs fim à guerra colonial, abriu caminho ao desenvolvimento económico e social e à estrutura do Estado democrático. (LUSA)
Quanto à origem do cravo vermelho, pode afirmar-se que tem duas explicações:
Em primeiro lugar, convém ter presente que o cravo vermelho era, à data, talvez a flor mais barata e popular.
Ora acontece que, nesse dia, 25 de Abril de 1974, havia um restaurante na Rua Braamcamp, em Lisboa, que celebrava o seu primeiro aniversário. O proprietário comprara cravos vermelhos – a tal flor que juntava o barato e o popular – para oferecer nesse dia às clientes. Como houve a ação militar, o restaurante não funcionou e o proprietário disse aos seus trabalhadores que podiam levar os cravos com eles.
Uma das trabalhadoras, chamada Celeste, decidiu levar um molho de cravos para casa. Ao começar a descer a Avenida da Liberdade, deparou com a população a oferecer bebidas, sandes, tabaco, aos soldados que ali estavam ou passavam. Tomou, então, a iniciativa de lhes oferecer os cravos, dizendo “desculpem, mas não tenho mais nada para vos oferecer”.
Os soldados recebiam os cravos e, não sabendo onde os colocar, decidiram enfiá-los nos canos das espingardas.
Outra explicação, certamente coincidente:
No Rossio, havia várias vendedeiras de flores que, quando os militares aí passaram, vindos do Terreiro do paço, os vitoriaram e lhes ofereceram as flores que estavam a vender, nomeadamente as tais mais baratas e populares, os já referidos cravos vermelhos.
O resto foi igual: os militares colocaram-nos na “boca” das espingardas. E assim nasceu um dos principais, senão mesmo o principal símbolo da Revolução dos Cravos, o cravo vermelho.
Que, no dia 26 de abril, é já a flor (também porque era barata e popular) que os familiares e amigos dos presos políticos lhes levaram a Caxias e lhes ofereceram, quando da sua libertação. Que eles, de imediato, oferecem aos militares que ali estão, que os recebem e colocam nas espingardas. Curiosamente, dir-lhe-ei que, mais tarde, descobrimos que na crise vivida em Lisboa entre 1383 e 1385, o símbolo do povo da capital, que esteve na base da derrota infligida aos castelhanos, foi um cravo branco.
Vasco Lourenço