25 Abril: “Outros Hinos” celebram revolução e independências através da música

Lisboa, 20 nov 2024 (Lusa) – O evento “Outros Hinos” vai assinalar os 50 anos do 25 de Abril sexta-feira, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, através da música africana das antigas colónias portuguesas, disse hoje à Lusa um dos organizadores.

“Esta iniciativa – ‘Outros Hinos: Desafios à Escuta nos 50 anos do 25 de Abril’ – parte da ideia de que têm sido feitas muitas comemorações em torno dos 50 anos do 25 de Abril, e consequentemente já se começam a assinalar os 50 anos das independências [das antigas colónias], e, na nossa opinião, esses eventos devem estar relacionados, do ponto de vista historiográfico e científico”, declarou à Lusa João Mineiro, um dos organizadores do evento e professor no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Segundo João Mineiro, os organizadores – a quem se juntam Teresa Fradique, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e o investigador André Castro Soares, também do ISCTE – sentiram falta da exploração de outras perspetivas nestas celebrações, nomeadamente “noutros campos de produção de discurso, como a música”.

“Como é que diferentes gerações de músicos, que viveram nos últimos 50 anos e, dessa forma, produziram discursos sobre a evolução histórica da democracia e independências, narraram a história contemporânea portuguesa?”, questionou.

“E como é que essas narrativas trouxeram, para o centro do debate, pessoas que estavam, de certa forma, distantes dos percursos institucionais, dos percursos partidários, dos percursos académicos? Portanto, estando longe, muitas vezes, desses lugares, falaram a partir de outros pontos de vista e de outros lugares de comunicação também”, prosseguiu.

Assim, a ideia dos três organizadores foi justamente juntar e ouvir essas “outras narrativas” para “complexificar a própria história que se conta sobre os 50 anos da democracia”, contextualizou.

Para tal, num primeiro painel vão juntar várias gerações de músicos que apresentarão músicas relacionadas com a presença das comunidades africanas em Lisboa, sobretudo dos anos 80 e 90, e que sons contaram histórias de imigração e de diáspora, indicou.

Num segundo painel, estará “uma outra geração que falará sobre o Hip Hop. Como é que, a partir dos anos 90 e início dos anos 2000, emerge esta nova linguagem, a partir já das segundas e terceiras gerações dos filhos de imigrantes, com muitos deles já nascidos em Portugal num período pós-colonial”, disse.

Posteriormente, existirá ainda um terceiro painel com gerações mais novas, por volta dos 20 anos de idade, que vão debater a ideia “de descolonização do som, dos imaginários e das narrativas”, entre a música das primeiras gerações, o Hip Hop, mas também a música eletrónica, e novos estilos musicais, como herdeiros “desta história ancestral africana”, prosseguiu.

Assim, vão debater “de que forma é que o som também relata não só esta herança histórica, mas também esta projeção do futuro”, declarou.

No evento vão estar presentes músicos como Chalo Correia, Selma Uamusse, Mynda Guevara e Cícero Mateus, artistas e investigadores, como André Xina e Henrique J. Paris, os jornalistas Bruno Dinis, Elias Celestino e Ricardo Farinha, os investigadores Teresa Fradique, João Mineiro, André Castro Soares e o coletivo “Viva o Samba!”.

O evento chama-se “Outros Hinos” devido ao debate que se fez recentemente sobre o hino nacional, sobre se este deveria ou não ser alterado, explicou.

“Achámos que mais interessante do que fazer essa discussão seria olhar além do hino nacional e agregar outros, já cantados na sociedade portuguesa pela diversidade, mais plurais e diversos, que permitam pensar o Portugal de hoje”, rematou.

O evento decorrerá no Padrão dos Descobrimentos, em Belém, Lisboa, das 15:00 às 19:00, porque é um símbolo da História colonial portuguesa, concluiu.

NYC // MLL – Lusa/Fim

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