VERBOS COM DUPLO PARTICÍPIO PASSADO

Há verbos que apresentam particípios passados duplos.

Assim, têm uma forma regular terminada em –ado ou –ido, geralmente utilizada na formação dos tempos compostos com os auxiliares ‘ter’ e ‘haver’, e têm uma forma irregular, mais curta, habitualmente utilizada com os verbos ‘ser’ e ‘estar’.

Então, por exemplo, dizemos ‘ter absorvido’ ou ‘estar ‘absorto’; ‘ter cegado’ ou ‘estar cego’; ‘haver convencido’ ou ‘estar convicto’.

Há, no entanto, verbos que têm apenas o particípio passado regular, como é o caso de ‘apresentar’ (‘apresentado’), ‘empregar’ (‘empregado’) e ‘encarregar’ (‘encarregado’). Porém, são, por vezes, substituídos pelas formas ‘apresente’, ‘empregue’ e ‘encarregue’, cujo emprego não se recomenda.

Além disso, há outros verbos que apenas admitem o particípio passado irregular. São eles os verbos ‘dizer’ (‘dito’), ‘escrever’ (‘escrito’), ‘fazer’ (‘feito’), ‘pôr’ (‘posto’), ‘abrir’ (aberto’), ‘cobrir’ (‘coberto’), ‘ver’ (‘visto’), ‘vir’ e todos os seus derivados (‘vindo’).

Existem ainda particípios irregulares que formam adjetivos e nomes: ‘cingido’ (‘cinto’), ‘crucificado’ (‘crucifixo’), ‘manifestado’ (‘manifesto’), ‘raptado’ (‘rapto’).

Ainda a este propósito, a palavra ‘defunto’ era o particípio passado do verbo defungor, em latim, que significava «satisfazer completamente, cumprir inteiramente uma missão». Mais tarde, foi difundida pelo cristianismo com o intuito de demonstrar que a pessoa morta tinha cumprido a sua missão terrena. Atualmente, ‘defunto’ é sinónimo de «cadáver».

De facto, a língua portuguesa sofreu e continua a sofrer várias alterações. Essa maleabilidade traduz vivacidade e riqueza. Escrevê-la com correção é melhor forma de a respeitarmos!

Lúcia Vaz Pedro

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