A ‘2ªConferência Língua Portuguesa no sistema mundial’, em Lisboa, concluiu com onze propostas que devem vir a fazer parte do Plano de Ação de Lisboa para a língua portuguesa e onde constam estratégias no âmbito da língua portuguesa como língua de ciência e inovação, ferramentas e recursos digitais, presença da língua portuguesa nas organizações internacionais, ensino da língua portuguesa e formação profissional.
Propostas que poderão vir a ser efetivadas no Plano de Ação de Lisboa que para Miguigy Murargy, Secretário Executivo da CPLP será «um importante instrumento para alavancar e operacionalizar a cooperação multilateral em matéria de promoção e difusão do nosso idioma comum».
«Desta estreita cooperação serão trilhados caminhos para uma apropriação e concertação conjuntas, almejando solucionar problemas partilhados», referiu o Secretário Executivo da CPLP, afirmando que «juntos somos capazes de criar mais progresso e de gerar mais oportunidades para o desenvolvimento dos povos da CPLP, juntos vamos cumprir o potencial do valor económico da língua portuguesa, ao mesmo tempo que projetamos as nossas matrizes culturais».
Língua portuguesa está a tornar-se atraente para estrangeiros
Eduardo Marçal Grilo, Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, orador convidado na Conferência, referiu que «a relevância e o interesse da língua portuguesa podem ser hoje medidas pela importância que os não falantes do nosso idioma lhes atribuem, designadamente através do número de estudantes que pelo mundo fora aprendem português».
Marçal Grilo acrescentou que «quando vemos um país como a República Popular da China abrir cursos de português em dezenas de universidades ou definir a meta para os próximos anos a formação de dezenas de milhares de professores de português, não restam dúvidas de que a língua portuguesa se está a tornar uma língua atraente e estratégica para um país que tem hoje uma estratégia de afirmação global, sobretudo nas áreas da economia e do comércio à escala mundial».
«A isto não é estranho», disse Marçal Grilo, «o interesse que os chineses têm em países com grandes reservas de produtos petrolíferos ou outros, como Portugal ou Cabo Verde, que do ponto de vista geoestratégico podem representar uma mais-valia significativa para um país com uma economia emergente que é já uma das maiores potências mundiais em termos comerciais e de produto».
O Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian reforçou também o importante papel da língua portuguesa como «língua de criação e língua de diálogo científico», mas deixou o alerta que «em relação à língua portuguesa e à comunicação científica não alimentemos falsas expetativas», já que «o inglês continuará a ser o grande veículo através do qual se vão continuar a publicar os resultados da pesquisa científica e se vai processar o diálogo nos diversos domínios do conhecimento».
Apesar disso, reconheceu que «o português também deve ter um papel a desempenhar na cultura científica» e apesar do crescimento das comunidades científicas nos vários países lusófonos, «estão talvez ainda por criar as redes que envolvam cientistas de língua portuguesa que sem se fecharem sobre si próprios, muito podem contribuir para reforçar o papel da língua portuguesa no mundo da investigação, da ciência e da produção do conhecimento», referiu.
Marçal Grilo defendeu que nesta área também as instituições investigação têm um papel a desempenhar «atraindo os melhores de qualquer nacionalidade, mas ao mesmo tempo consolidando estas massas críticas de cientistas de língua portuguesa que trabalham e atuam neste fantástico mundo da ciência, da experimentação, das tecnologias e do avanço do conhecimento».
O Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian concluiu ainda que «o esforço que está a ser realizado para promover a língua portuguesa é grande, mas está ainda aquém daquilo que temos de desenhar, mostrar, montar e executar, sobretudo nos domínios do ensino e da divulgação da língua, bem como da adoção de uma estratégia para consolidar o português como língua dos fóruns internacionais».
Propostas resultantes da 2ª Conferência Língua Portuguesa no sistema mundial: Língua portuguesa como língua de ciência e inovação
Ferramentas e recursos digitais
Presença da língua portuguesa nas organizações internacionais
Ensino da língua portuguesa e formação profissional
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Fonte: TV Ciência
Na foto: Gilvan Muller Secretário Executivo do Instituto internacional da Língua Portuguesa (IILP), Ana Paula Laborinho, Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa e o Embaixador Rui Lopes Aleixo.