Uruguai tem aulas de português em 83 escolas públicas de ensino básico

Foto de Matilde Campodonico

O Uruguai dá aulas de português em 83 escolas públicas de ensino básico, sendo a maioria delas em zonas de fronteira com o Brasil, segundo números oficiais.

Em apenas seis das escolas que disponibilizam o ensino do idioma, ele é considerado uma língua estrangeira, como nas escolas chamadas Brasil, Portugal e Rui Barbosa, na capital, Montevidéu, afirmou à Lusa a coordenadora de Português no Departamento de Segundas Línguas do Conselho de Educação Inicial e Primária, Cinthia Nuñez.

Nas outras 77 escolas, em zonas fronteiriças com o Brasil, o português é a segunda língua local, como resultado da presença brasileira histórica na região. Há 190 anos, em agosto de 1925, o Uruguai se proclamou independente do Brasil, do qual fazia parte politicamente.

Nas cidades de fronteira, como Rivera e Artigas, o idioma permaneceu e é chamado de Dialeto Português do Uruguai (DPU).

Em 2009, entrevistas da então titular do Ministério da Educação e Cultura (MEC), divulgadas na imprensa internacional, afirmavam que o ensino de português seria obrigatório no país a partir de 2010. A medida, entretanto, não foi implantada.

“O ensino [de português] é estratégico, devido ao Mercosul e à proximidade com o Brasil, mas houve dificuldades financeiras para implantar”, afirmou à Lusa o diretor de Educação do MEC uruguaio, Juan Pedro Almada Mir.

Mir realçou que, apesar de o português ter importância geopolítica, há também dificuldades de tempo pedagógico. A oferta do ensino do idioma no país, segundo o diretor, tem dois objetivos no ensino fundamental: como língua de herança ou como segunda língua.

Nas escolas da fronteira com o Brasil, há o ensino como língua de herança, principalmente nas escolas de tempo integral, nas quais parte das aulas são dadas em português e a outra parte, em espanhol. Ao todo, segundo o diretor de Educação, 15% da população uruguaia fala o chamado DPU.

A outra frente de ensino ocorre também no ensino primário, como uma aula de um segundo idioma, a exemplo do inglês, em seis escolas de Montevideu, Colónia do Sacramento e Canelones. No ensino secundário, a partir dos 12 anos, as aulas de português estão disponíveis em Centros de Línguas, onde os adolescentes podem escolher entre português, francês, alemão ou italiano, fora do período de aulas.

O português é ensinado no centro de língua de cada capital de 18 Departamentos (Estados) – apenas um Departamento não possui um centro de língua que ensine o idioma, segundo Laura Motta, conselheira da Administração Nacional de Educação Pública do país.

“O objetivo na educação pública do Uruguai em longo prazo é a consolidação do espanhol como regra de ensino, além de uma língua estrangeira, principalmente o inglês, e uma língua regional, o português”, afirmou Laura Motta à Lusa.

Motta realçou que há dois centros regionais de formação de professores com o curso de português, um programa de intercâmbio de professores na fronteira e cursos binacionais de educação técnica.

FYB // EL

Lusa/Fim

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