Seul, 02 jun 2023 (Lusa) – A Universidade de Sehan, na Coreia do Sul, quer acolher pelo menos 500 estudantes timorenses por ano, no âmbito de um programa que inclui formação, estágio profissional, emprego e, eventualmente, até vistos para familiares.
Esse número poderá aumentar logo no segundo ano para até mil estudantes de Timor-Leste, como explicou hoje o presidente da instituição, Lee Gyeong-sue, ao Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, num encontro em Seul.
“O grande desenvolvimento económico da Coreia do Sul deve-se à nossa maior riqueza, os recursos humanos. Por isso investimos tanto na educação. E queremos ajudar Timor-Leste nesta área”, disse Lee Gyeong-sue.
“Desenvolvimento económico baseado no desenvolvimento dos recursos humanos, no bom uso dos recursos humanos. A educação tem representado um grande contributo para a Coreia do Sul”, vincou.
A proposta hoje apresentada ao chefe de Estado timorense, que se comprometeu a transmitir ao novo Governo do país, passa pela seleção de estudantes em Timor-Leste para que possam estudar em qualquer das faculdades da Sehan.
“Durante a formação, os alunos terão acesso a empregos a tempo parcial. Durante os primeiros dois anos, o grande foco será na aprendizagem da língua e depois na formação mais intensiva na área escolhida”, notou o responsável da universidade.
“O programa prevê estágios profissionais e depois colocação em empresas coreanas, com um sistema de vistos acelerado que pode até permitir que tragam as suas famílias para viver na Coreia do Sul”, notou.
Trata-se, explicou, de oferecer oportunidades adicionais para jovens timorenses além do atualmente existente programa de trabalhadores sazonais, normalmente não qualificados, para que possam ficar a trabalhar na Coreia do Sul ou, se preferirem, regressar a Timor-Leste.
Serão implementados paralelamente projetos de cooperação entre a Sehan e universidades timorenses, para ajudar a reforçar os programas de formação no país, referiu.
José Ramos-Horta saudou a proposta, que considerou particularmente positiva por combinar educação, formação e emprego, indo de encontro às aspirações estratégicas de Timor-Leste.
“Pessoalmente apoio muito este projeto porque é consistente com as nossas politicas abrangentes de educação e formação de jovens. Temos muitos jovens desempregados, muitos ainda só têm acesso a educação de qualidade fraca e esta é uma oportunidade para melhorar as opções para os nossos jovens”, disse o Presidente timorense, que está de visita a Seul até sábado.
Ramos-Horta comprometeu-se a apresentar o projeto ao novo Governo, que deverá tomar posse ainda este mês, vincando que é importante que a formação se centre em áreas vocacionais e profissionais que o país precisa.
“Precisamos de mais cursos profissionais e vocacionais, não apenas na área das humanidades. Os nossos cursos em tecnologia ou nas várias disciplinas não são de boa qualidade, com falta de professores e equipamento”, considerou.
“Falarei do projeto com o novo Governo, mas considero a vossa iniciativa positiva e consistente com os planos de desenvolvimento dos nossos recursos humanos, até a pensar na própria adesão à ASEAN”, notou Ramos-Horta.
Entre as áreas que Ramos-Horta considera importantes incluem-se formação na construção e manutenção naval e tecnologia.
Lee Gyeong-sue disse que a iniciativa prevista pode ser ampliada até ao nível do secundário, implementando em Timor-Leste uma iniciativa já em curso no Vietname que permite a alunos de escolas do secundário completarem formação vocacional na Coreia do Sul.
“Alguns desses alunos que chegam do Vietname, se são de famílias com mais dificuldades económicas, chegamos a convidar os pais a virem viver para aqui também”, explicou Lee Gyeong-sue.
“A iniciativa é totalmente aprovada pelo governo da nossa província e temos um acordo especial com o Ministério da Justiça que criou uma categoria de visto especial”, referiu o responsável da Sehan.
Localizada na região de Yeongam e criada em 1994, a Universidade de Sehan é a sucessora do antigo Colégio Industrial de Daebul.
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