O governante de Lisboa com as pastas da ciência e do ensino superior presencia hoje a assinatura de um memorando para aproximar a Universidade de Macau e a academia portuguesa. O acordo prevê parcerias para a investigação.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Mariano Gago, está hoje em Macau para testemunhar a assinatura de um memorando de entendimento entre a Universidade de Macau (UMAC) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) que, no próximo ano lectivo, culminará num programa-quadro para parcerias entre as instituições de ensino envolvidas na área da investigação.
O acordo prevê também a cooperação entre o laboratório do Estado chinês na área da microelectrónica, estabelecido na UMAC, e as instituições congéneres associadas ao Estado português, adiantou ao PONTO FINAL Rui Martins, vice-reitor da UMAC.
O memorando de entendimento foi negociado em Setembro último, aquando do último encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) em Macau, durante o qual ocorreu ainda uma reunião do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. O protocolo foi também preparado no âmbito de uma visita do reitor da UMAC, Wei Zhao, a nove universidades portuguesas.
“É um memorando de entendimento com vista ao desenvolvimento em rede da investigação e outros recursos adoptados na Universidade de Macau, e também nos laboratórios de referência do Estado que foram aqui criados pela China e pelo Governo de Macau”, explicou Martins.
O novo instrumento para a cooperação entre Lisboa e Macau abrirá também portas à aproximação das universidades chinesas de instituições congéneres lusófonas, e para que a RAEM possa estar mais próxima de universidades dos Estados Unidos, com as quais Portugal estabeleceu já um modelo de parceria semelhante.
O acordo vai ser assinado entre Wei Zhao e Rui Martins, da parte da UMAC, e o presidente do CRUP, António Rendas, e o secretário do Conselho dos Laboratórios Associados do Estado português, Alexandre Quintanilha.
Doutoramentos duplos
Após a assinatura do protocolo, o próximo ano lectivo trará a definição de “um programa-quadro para a cooperação” entre a UMAC e as universidades portuguesas, e os laboratórios destas, “em diversas áreas, ligadas essencialmente à investigação e à pós-graduação”.
“Irá definir, por exemplo, a atribuição de graus duplos, como aliás já foi feito no passado com alguns doutoramentos que aqui tivemos, e abrir outras áreas de possível colaboração”, enunciou o vice-reitor da UMAC. E vai “fazer com que a Universidade de Macau sirva de charneira entre as universidades chinesas e as universidades portuguesas”, e também na ligação ao mundo das instituições académicas lusófonas.
As áreas eventuais de cooperação estarão a partir de agora em análise e o programa-quadro será “um bocado na linha” de acordos semelhantes que as universidades portuguesas têm já estabelecidos com instituições norte-americanas, como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) ou as universidades do Texas e de Harvard.
“Este programa vai permitir também a ligação a estas universidades através das universidades portuguesas”, espera Rui Martins sobre o protocolo que, entre outras valências, prevê a criação de equipas de investigação conjunta.
Após a assinatura do memorando de entendimento, aos responsáveis portugueses será apresentado o projecto do novo campus da UMAC na Ilha da Montanha. Já durante a tarde, o ministro português Mariano Gago é convidado de uma recepção organizada pelo Consulado-Geral de Portugal na RAEM.
Manuel Cansado de Carvalho, o cônsul de Lisboa no território, defende que o “endosso político” do Governo português, com a deslocação do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do país, “é um sinal do interesse de que nós [Portugal], e o lado de Macau, damos a este passo”.
“Espero que o protocolo permita aquilo que penso que ambas as partes pretendem, que é o reforço forte da cooperação entre as universidades portuguesas e a Universidade de Macau, num momento em que a Universidade de Macau vai dar um passo grande no seu próprio desenvolvimento”, disse o diplomata ao PONTO FINAL.
Maria Caetano
FONTE: Ponto Final