Universidade de Coimbra cria mestrado para professores de Português na China

Coimbra, 10 abr (Lusa) – A Universidade de Estudos Estrangeiros de Cantão, na China, vai acolher um mestrado para formar professores de Português, criado pela Universidade de Coimbra (UC) em parceria com o Instituto Politécnico de Macau, anunciou hoje o reitor da instituição portuguesa.

Este mestrado visa preparar futuros docentes de Português “como língua estrangeira para cidadãos chineses”, disse à agência Lusa o reitor da UC, João Gabriel Silva, indicando que os professores “são maioritariamente portugueses” e com vínculo à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).

“Foi um processo longo, muito ajudado” pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), “e já existe autorização” do governo da República Popular da China (RPC) para avançar, adiantou.

O curso de dois anos, com 20 vagas, vai arrancar “em princípio já no próximo ano letivo”, naquela universidade de Cantão.

Segundo João Gabriel Silva, um mestrado idêntico para estrangeiros, aprovado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), já é ministrado há alguns anos em Coimbra.

Com “pequenas adaptações”, o curso funcionará também naquele país do Extremo Oriente, com o qual Portugal tem relações há mais de 500 anos, designadamente através do território de Macau, cuja administração foi transferida para a RPC, em 1999.

Uma delegação da UC desloca-se este ano a Cantão, a fim de “validar o local” que acolherá as atividades do curso, disse o reitor de Coimbra.

“Não há na China nenhuma oferta para ensinar como se deve ensinar Português a estrangeiros. Após um longo processo diplomático, o mais difícil está assegurado”, acrescentou, frisando que o interesse pela língua de Camões “tem tido um grande desenvolvimento” na RPC, nos últimos anos.

João Gabriel Silva realçou que “muitas empresas chinesas precisam de quem domine o Português”, para incrementarem os seus negócios em Portugal e noutros países lusófonos, especialmente Brasil, Angola e Moçambique.

“Existem atualmente dois a três mil estudantes de língua portuguesa na China”, num momento em que “o Brasil é o seu principal parceiro económico”, sublinhou.

Em Macau, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André, disse aos jornalistas que o mestrado em Ensino de Português “deverá começar este ano, provavelmente em outubro”, na Universidade de Estudos Estrangeiros de Cantão.

“O Ministério da Educação da República Popular da China aprovou o curso”, que integrará também dois docentes do IPM, por convite da Universidade de Coimbra.

Avaliado pela “entidade que acredita os cursos em Portugal”, a A3ES, o curso dá direito a um diploma emitido pela Universidade de Coimbra.

“Foi preciso que as autoridades chinesas aceitassem que uma entidade independente portuguesa venha no tempo próprio fazer a avaliação do funcionamento do curso no interior de uma universidade chinesa”, enfatizou Carlos André, antigo diretor da FLUC.

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