Universidade da Suazilândia prepara primeira licenciatura em português

Mbabane, 16 nov (Lusa) – A Universidade da Suazilândia assinou hoje um acordo com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua para a abertura da primeira licenciatura em língua e literatura portuguesa no reino africano.

“É um passo definitivo para mudar de forma muito substantivo o que é o conhecimento da língua e cultura portuguesa na Suazilândia”, comentou à Lusa o embaixador português em Maputo, que assinou o memorando de entendimento com o vice-reitor da Universidade da Suazilândia, numa cerimónia hoje à tarde nos arredores de Mbabane.

Segundo José Augusto Duarte, foi o próprio rei da Suazilândia, Mswati III, que manifestou o desejo de se expandir o ensino de português no pequeno país vizinho de Moçambique e onde o diplomata também é representante de Portugal.

Desta “convergência de interesses” resultou uma rápida negociação, que culminou na assinatura do memorando de entendimento, hoje no “campus” da Universidade da Suazilândia, numa cerimónia presenciada pelos principais quadros da instituição, e onde deverá chegar no próximo ano um professor universitário português, cujo processo de recrutamento já começou.

Atualmente, há três professores a lecionar português em escolas da Suazilândia mas de “um modo informal”, uma vez que a disciplina não se encontra inserida no sistema oficial de ensino do país, que tem como línguas oficiais o suazi e o inglês.

O embaixador português referiu que decorrem também conversações com o ministro da Educação da Suazilândia para alterar em breve essa realidade, destacando a importância do memorando de entendimento para se criar um efeito multiplicador na escassa disponibilidade de professores de português no país.

“O que estamos a tentar fazer é dedicar toda a atenção à formação de cidadãos e estudantes da Suazilândia na sua universidade para que possam aprender a língua e a cultura e portuguesa e eles próprios estarem habilitados e capacitados para serem professores nos níveis primário e secundário”, explicou José Augusto Duarte, esperando que o primeiro grupo de licenciados, a sair dentro de quatro anos, crie “um panorama totalmente diferente”.

Nos próximos meses, especialistas do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua em Maputo vão manter um diálogo com a Universidade da Suazilândia, com vista a definir currículo, programas e carga horária até à abertura do curso, que pode acontecer já no início do ano letivo, previsto para agosto.

O vice-reitor da Universidade da Suazilândia disse por seu lado que se trata de “um acordo muito importante”, na medida em que a sua instituição precisaria de ajuda para produzir professores a partir do momento em que o Governo suazi decidiu que o português devia ser ensinado nas escolas.

A Universidade da Suazilândia beneficiava já ações de formação de português da Universidade Eduardo Mondlane, a maior instituição de ensino superior moçambicana, mas, segundo o vice-reitor, a orientação governamental tem um novo alcance, inclusive estratégico para o próprio posicionamento do país.

“O português é uma das línguas mais faladas em África, é uma das línguas oficiais da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], é muito importante para o nosso comércio e estamos perto de Moçambique e Angola, que são das principais economias de crescimento elevado do continente”, assinalou à Lusa Cisco Magagula.

A Suazilândia, um pequeno reino de pouco mais de um milhão de habitantes situado entre a África do Sul e Moçambique, e que já manifestou o seu interesse em aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como observador associado.

Segundo o cônsul honorário de Portugal na Suazilândia, Carlos Madureira Lopes, estão ativos no país cerca de 1.200 portugueses, que se dedicam sobretudo aos setores da construção civil e automóvel.

HB // EL – Lusa/FimMenonas da Suazilândia
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