Portugal, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Macau, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Luanda e Brasil. Nove países unidos pelo idioma, mas não apenas por isso. Apesar de todas as diferenças culturais e regionais, essas nações se tornam comum também por sua história. As raízes fincadas pelo colonialismo português contribuíram para criar convergências culturais únicas onde a gastronomia, linguagem e literatura possuem papel fundamental. Esses e outros temas serão abordados pelas mesas-redondas da quarta edição do Encontro de Escritores de Língua Poruguesa (EELP), que começou ontem e se encerra hoje.
O encontro é organizado pela União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA), entidade formada por 37 cidades falantes de português espalhadas nos cinco continentes. Onze escritores dos oito países supracitados (excetuando-se, claro, o Brasil) foram convidados para participar do evento, que este ano acontece junto do Festival Literário de Natal e tem como tema “A literatura e os prazeres da vida”. O EELP sempre aconteceu na capital potiguar, mas até então era realizado separadamente.
A programação conta com um total de três mesas-redondas. As de ontem tiveram como tema “A literatura e o humor” e “A literatura e a gastronomia”; a de hoje, “A literatura e o eroticismo”, conta com a participação dos autores estrangeiros Mário Zambujal (Portugal), João de Melo (Portugal), Nuno Carmaneiro (Portugal), Alice de Pina (São Tomé e Príncipe) e Celina de Oliveira (Macau). Representando os escritores da terra estarão Diva Cunha, Lívio Oliveira e Carlos Peixoto.
O diretor cultural da UCCLA, Rui D’Ávila Lourido, explica como se deu a seleção de uma fauna tão variada de escritores: “Escolhemos com base na qualidade da produção literária de cada um e na diversidade. Procuramos juntar autores de diferentes países, cidades e gerações literárias – uns mais famosos e já com prestígio internacional, como o José Eduardo Agualusa, outros jovens mas com mérito já reconhecido, como o Nuno Carmaneiro”.
Lourido destaca a importância da língua portuguesa como elemento que unifica as identidades culturais – que, apesar dos denominadores em comum motivados pelas raízes no colonialismo exercido por Portugal em séculos passados, são tão plurais – desses oito países e do Brasil.
“O grito do Ipiranga foi pronunciado em português, assim como os textos dos movimentos de libertação da África ocupada por Portugal foram escritos em português. Pessoa já dizia que ‘em português nos entendemos’ e ‘o português é a minha pátria’”, declama. Ele acrescenta: “Nosso idioma é o quinto mais falado do mundo e é a língua oficial de países nos cinco continentes. Qualquer fórum internacional que o promova e dê visibilidade faz com que os povos das nações que fazem parte da UCCLA só tenham a lucrar”.
Mas por que Natal foi escolhida para sediar o encontro? De acordo com Rui Lourido, a escolha foi uma maneira de favorecer a mais nova cidade brasileira a integrar a UCCLA – a capital potiguar passou a fazer parte da entidade em 2009. O evento, argumenta, propicia aos natalense e turistas um elemento de oferta cultural e literária de qualidade internacional e que contribui para o desenvolvimento de atividades correlatas, desde festivais gastronômicos a ciclos de cinema e artes plásticas. Além disso, trata-se de uma maneira de possibilitar que os estudantes da capital convivam e aprendem diretamente com grandes nomes da literatura, arremata o diretor cultural da União. Ler o artigo completo.
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