UCCLA homenageia antigos estudantes das ex-colónias

“[Queremos] fazer um colóquio, não passadista, mas evocativo do que foi esse período de grande solidariedade e voltado para o futuro. [Ouvir] o que é que estes homens, que construíram os nossos mundos, têm para nos dizer, sobretudo aos mais jovens”, disse Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), organismo que junta 41 cidades lusófonas.

O responsável falava à Lusa após uma reunião com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, a quem apresentou este e outro projetos que tem para o mandato que iniciou há cerca de cinco meses.

A prioridade, disse, é realizar, em 2014, uma homenagem aos jovens que, quando frequentavam a Casa dos Estudantes do Império nos anos 60, ergueram a bandeira da autodeterminação e da independência, explicou Vítor Ramalho.

“Cento e vinte desses jovens acabaram por organizar uma fuga coletiva para França e integraram os movimentos e partidos de libertação” dos seus países, recordou.

Foi nessa casa, criada pelo Estado Novo para apoiar os estudantes das colónias em Lisboa, “que nasceram as grandes personalidades mais velhas do romance, do conto e da poesia”, como os angolanos António Jacinto e Pepetela, o moçambicano José Craveirinha ou os são-tomenses Alda do Espírito Santo e Francisco José Tenreiro.

Mas também da política, recordou o secretário-geral da UCCLA, citando “personalidades determinantes” como Agostinho Neto, Amílcar Cabral ou Pedro Pires.

“A minha ideia é trazer a Portugal personalidades políticas de relevo, que foram jovens e estudaram aqui e aqui se fizeram politicamente”, assim como personalidades da literatura.

“É uma homenagem justíssima, que tem de ser nacional, de todos os nossos países”, sublinhou, referindo que Cavaco Silva “acolheu bem” a iniciativa, assim como o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, a quem apresentou a ideia em julho, durante uma visita ao país.

Além do colóquio, que deverá contar com a participação de ex-políticos e escritores dos países de língua portuguesa, a homenagem deverá passar por “reeditar todas as obras publicadas nessa altura, que são obras de grande valia e grande mérito”, e por criar um prémio que incentive os jovens “a repescarem essa memória”.

Vítor Ramalho quer ainda “tentar recriar uma instituição que, preservando esta memória, seja também um local de convívio adaptado ao século XXI”.

O responsável vai agora apresentar o projeto a algumas grandes empresas associadas da UCCLA, como a Galp, a Caixa Geral de Depósitos ou o Banco Popular de Angola, de quem espera que “se solidarizem com esta ação”.

No encontro com Cavaco Silva, o responsável falou ainda do encontro de escritores que a UCCLA organiza entre 06 e 10 de novembro em Natal, Brasil, e de um encontro no Huambo, Angola, sobre proteção civil.

À Lusa, referiu ainda como prioridade “dar a conhecer a UCCLA mais do que ela é conhecida”.

A instituição “é um património muito relevante para países onde intervêm”, disse ainda, exemplificando com as obras de reconstrução do palácio de Díli e das escolas da cidade, realizadas “mercê da intervenção da UCCLA”, assim como com o “embelezamento da marginal da Praia, em Cabo Verde.

Atualmente, afirmou, a UCCLA está a promover na Guiné-Bissau uma ação de formação de empreendedores em apicultura e a criação de uma marca de mel para exportar, envolvendo cerca de 200 apicultores.

Vítor Ramalho foi eleito em maio, durante a Assembleia Geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que decorreu na Cidade da Praia.

FPA // PJA – Lusa/fim

Foto: (E-D) Miguel Anacoreta Correia, secretário-geral cessante da UCCLA, António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Ulisses Correia e Silva, presidente da Câmara Municipal da Cidade da Praia e Vítor Ramalho, secretário-geral eleito da UCCLA, durante a 29.ª Assembleia Geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que decorreu hoje na Cidade da Praia, Cabo Verde, 17 de maio de 2013. JOSÉ SOUSA DIAS/LUSA

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