Díli, 04 mai 2024 (Lusa) – O vice-reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste, Samuel Freitas, considerou que os timorenses compreendem mais o português, mas ainda têm dificuldades a nível oral e escrito.
“Se tivermos de avaliar ao nível de compreensão, os timorenses, agora, compreendem mais português, comparando com anos anteriores, porque, na altura, só os nossos pais e avôs tiveram contacto com a língua portuguesa”, disse Samuel Freitas, por ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala no domingo.
“O nível de compreensão é alto, mas a nível da fluência oral e escrita é que continuamos com dificuldades em escrever bem, em ser fluente a nível oral, exceto aqueles que estiveram fora do país”, salientou o vice-reitor da única universidade pública timorense, doutorado em química pela Universidade de Aveiro.
Para o professor universitário, que criou a faculdade de ciências exatas na UNTL há cerca de 10 anos, Timor-Leste tem de resolver os desafios, que são “melhorar e consolidar os conhecimentos dos timorenses a nível escrito e oral” da língua portuguesa.
“Não quer dizer que falte investimento nas instituições de ensino, é porque os timorenses estão também em contacto com outras realidades e com outras línguas, o que faz com que o ambiente de aprendizagem de português tenha desafios”, salientou Samuel Freitas.
Para o vice-reitor, é preciso “criar um ambiente para a aprendizagem da língua portuguesa” e isso também tem de partir dos governantes, do “parlamento e do Governo”.
“Eles precisam de cultivar essa imagem e dizer que falar português não é língua de esforço, mas de conforto”, salientou.
O vice-reitor da UNTL frisou, contudo, que o “sentido de pertença à língua existe” e que os jovens, “cada vez mais”, começaram a ganhar vocábulos em português e “há quem já cante em português”.
Samuel Freitas considerou igualmente que há mais jovens a compreender o português, porque o estudo das línguas oficiais do país (português e tétum) começou a ser proporcionado no sistema educativo desde a base.
“Na universidade, somos pioneiros na língua portuguesa e temos de ser exemplo nos esforços relevantes à promoção e consolidação da língua portuguesa” até porque é uma universidade pública, disse o professor.
Samuel Freitas exemplificou com as faculdades de direito e de ciências exatas, onde os cursos são ministrados em português.
Explicou também que a UNTL tem um centro de língua portuguesa, apoiado pelo instituto Camões, que é frequentado não só por alunos, mas também por professores e funcionários.
“A UNTL convive mais com o português e os alunos conseguem falar alguma coisa em português e compreendem mais português. O problema não está nos jovens, está em quem vai lidar com eles, que tem de mostrar que o português é importante e temos de dinamizar um diálogo permanente em português”, afirmou Samuel Freitas.
O vice-reitor deixou também críticas às televisões nacionais, considerando que têm poucos programas em português.
“Por aqui, continuaremos a consolidar a língua portuguesa e o tétum”, disse, salientando que muitas vezes diz aos alunos para gostarem de aprender o português.
“Porque ao falar o português temos acesso a muita coisa”, concluiu.
MSE // VM – Lusa/Fim