Díli, 06 jun 2021 (Lusa) – Timor-Leste tem, pela sua localização geográfica, uma posição muito relevante na CPLP, e a adesão do país à organização, em 2002, permitiu alargar os horizontes deste espaço comunitário, inclusive na dinâmica económica e empresarial, afirmou o futuro secretário-executivo.
“O facto de os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] se situarem em quatro continentes do mundo confere uma vocação global muito específica à CPLP. É por esta razão que toda a ação da CPLP tem como linha mestra a valorização das potencialidades de cada Estado-membro”, afirmou Zacarias da Costa, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense e secretário-executivo indigitado da CPLP.
“A representação inclusiva de todos os Estados-membros e a valorização das realidades que lhes são próprias são fundamentais para o nosso objetivo de unirmos esforços em nome do património identitário que partilhamos”, disse na sua primeira entrevista alargada.
Notando o potencial de dinamismo económico do espaço da CPLP, Zacarias da Costa recordou a forte ligação de Timor-Leste à comunidade e que foi na economia que Díli centrou a sua presidência rotativa da organização.
“A participação de Timor-Leste ao longo dos anos fala por si: primeiramente, a sua adesão formal à CPLP teve como efeito o alargamento dos horizontes geográficos do espaço comunitário ao incluir o continente asiático”, explicou.
“Através da presidência rotativa timorense, o país deixou novamente a sua marca ao conferir um firme impulso à vertente económica e empresarial da CPLP. Este ano, através do cargo de secretário-executivo, Timor-Leste assinalará mais uma vez o seu papel enquanto país ativo e implicado no cenário internacional”, sustentou.
Zacarias da Costa atribui grande significado ao facto de Timor-Leste assumir, pela primeira vez, o cargo de secretário-executivo da CPLP, marcando um “longo caminho desde a independência”, a par da construção da própria organização.
“Este percurso fez-se ao lado da construção da própria CPLP, que, passados 25 anos desde a sua criação, foi consolidando os seus alicerces e afirmando o seu papel enquanto foro privilegiado para o aprofundamento dos laços entre os países de língua portuguesa”, afirmou.
Além disso, recordou, Timor-Leste posicionou com a CPLP mesmo antes da sua adesão plena, em 2002, contando “com o alinhamento de todos os Estados-membros que apoiaram, numa só voz, o sonho de um país livre e independente”.
“Esta força unificadora simbolizada por Timor-Leste e o potencial de crescimento que a CPLP representa são valores que, espero, serão refletidos em igual medida no meu futuro mandato enquanto secretário-executivo da CPLP”, sublinhou.
Outras das áreas onde o papel da CPLP é crucial, disse, é na promoção da língua portuguesa, que pode e deve assumir “enorme importância estratégica, económica e cultural”, unindo povos e comunidades espalhados pelo mundo.
Exemplo disso têm sido conquistas como o crescente interesse pelo português em universidades de todo o mundo e o facto de ser já língua de trabalho em várias organizações, fundamentando as “elevadas expectativas quanto ao futuro da língua portuguesa”.
“O crescente número de países candidatos à categoria de observador associado deve-se, em parte, à afirmação da CPLP enquanto plataforma de difusão da língua. Estes países veem a CPLP como um meio de aproximação com as comunidades de falantes de português existentes nos seus territórios”, afirmou.
“A promoção do português poderá assim beneficiar significativamente da intensificação da cooperação entre a CPLP e os seus observadores associados”, considerou.
A escolha de Zacarias da Costa para suceder ao português Francisco Ribeiro Telles como secretário-executivo da CPLP foi avançada em junho do ano passado.
O nome de Zacarias da Costa será formalmente aprovado aprovado na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, a realizar em julho em Luanda, podendo depois disso tomar posse.
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