Pangim, Índia, 20 jan (Lusa) – O presidente da Sociedade Lusófona de Goa considerou hoje existir “um enorme potencial” para alargar as “boas relações” entre a Índia e os países lusófonos e lamentou que Goa não seja utilizada “como plataforma privilegiada” para fomentar essas parcerias.
“Certamente que a Índia tem um enorme potencial para alargar continuamente as boas relações com os países lusófonos. Mas é pena que até agora a Índia não tenha tido vontade política para utilizar e aproveitar Goa como uma plataforma privilegiada para as relações”, disse à Lusa Aurobindo Xavier, responsável da Sociedade Lusófona de Goa, que promove a partir de sexta-feira e até 22 de fevereiro o segundo Festival da Lusofonia de Goa.
Na sua opinião, “a história, a riqueza cultural e a mentalidade de Goa e dos goeses que se foi acumulando e desenvolvendo nas últimas centenas de anos em relação à lusofonia bem mereciam que a Índia aproveitasse muito mais desse potencial”.
Aurobindo Xavier faz uma comparação com a China, que “foi muito mais expedita em utilizar Macau como plataforma privilegiada para desenvolver as suas excelentes relações com os países lusófonos”.
Questionado sobre os motivos por que, no seu entender, Goa foi “relegada para um plano absolutamente marginal, em vez de se tornar uma plataforma central da Índia, nas suas relações com os países e regiões lusófonas”, o presidente da Sociedade Lusófona de Goa acredita que a Índia procurou “’branquear’, entre 1961 e 1991, não só culturalmente, as relações que desde séculos” esta região manteve com os países lusófonos.
Em 1961, a União Indiana anexou Goa, até então sob administração portuguesa, e ainda Damão e Diu, numa época em que, em termos geopolíticos, a Índia se encontrava “no chamado grupo dos países do Terceiro Mundo que liderava os movimentos de libertação das colónias europeias”.
Até 1974, Lisboa não reconhecia a anexação, e até então “houve como que um congelamento das relações a todo o nível” entre os dois países. Após a revolução em Portugal e até à década de 1990, a economia da Índia continuou fechada ao mundo exterior e “apenas em 1991 a Índia começou a abrir-se aos mercados externos por via da liberalização económica”, apontou Aurobindo Xavier.
Sobre o estado das relações comerciais entre Goa e países lusófonos, o presidente da Sociedade Lusófona reconhece que “existem algumas iniciativas empresariais, mas são de natureza esporádica e sem nenhuma especial sustentabilidade”.
A organização a que preside promoveu, em 2014, o primeiro congresso “Índia e o Mercado Lusófono” e estão em curso outras iniciativas “para implementar atividades de fórum empresarial em Goa”, existindo “inúmeros pedidos de colaboração em projetos, parcerias e acordos dirigidos à Sociedade Lusófona, não só na área empresarial, vindos dos países e regiões lusófonas”.
A Sociedade Lusófona de Goa foi criada há três anos com o objetivo de “promover e apoiar a cultura lusófona em Goa, aprofundando as relações entre Goa e os países e regiões lusófonas e estabelecendo projetos nas áreas artística, social, educacional e da ciência e tecnologia”.
JH (DM) // EL – Lusa/fim
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