Sines pode ser destino da Rota da Seda do século XXI

Lisboa, 15 mai (Lusa) – O conselheiro de política externa do Governo chinês Lv Fengding manifestou-se favorável à inclusão do porto de Sines, na costa ocidental de Portugal, na rota marítima da seda do século XXI proposta pela China.

“Portugal é um dos terminais da rota marítima da seda e o porto de Sines é importante para a ligação da China com a Europa e a África”, disse Le Fengding à Lusa, em Lisboa, onde se deslocou esta semana para apresentar a iniciativa “Uma Faixa e Uma Rota”.

Com esta iniciativa, divulgada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, Pequim propõe um plano de infraestruturas que pretende reativar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

Este plano, que inclui a construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa, vai abranger 65 países e 4, 4 mil milhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial, segundo Pequim.

Lev Fengding disse que a iniciativa já suscitou o interesse de mais de setenta países e organizações internacionais e que “mais de trinta países assinaram acordos de cooperação relevantes com a China”.

Assinalou também a constituição, em 2014, do Fundo Rota da Seda, de 40 mil milhões de dólares (35, 3 mil milhões de euros).

“Esta é uma visão da China, feita para o bem de todos. Queremos que beneficie cada país e cada parceiro”, disse Lev Fengding à Lusa.

Em Portugal, Lev Fengding visitou o porto de águas profundas de Sines, a sul de Lisboa, e proferiu uma conferência na sede da EDP – Energias de Portugal, que tem como maior acionista a empresa estatal chinesa de energia China Three Gorges Corporation (21, 35% do capital).

Desde 2012, a China injetou mais de oito mil milhões de euros em Portugal, que é o quinto destino do investimento chinês na Europa, salientou Lv Fengding.

“Portugal já é parte da iniciativa. Será fácil as empresas chinesas e portuguesas trabalharem em conjunto nos vários campos, incluindo em projetos de infraestruturas, na cooperação financeira e em parceria com empresas de outros países de língua portuguesa”, disse.

O diplomata chinês recordou que “Portugal foi um importante destino final da antiga Rota da Seda e desempenhou um papel importante na ligação entre a Ásia e a Europa”.

Referiu também que Portugal e a China têm uma longa experiência de cooperação e resolveram “com sucesso a questão de Macau, dando um bom exemplo ao mundo”.

Macau tornou-se uma Região Administrativa Especial da China em 20 de dezembro de 1999, segundo o princípio “um país, dois sistemas”, que permite ao território manter as suas características próprias até 2049.

Em outubro de 2003, a China criou o Fórum Macau para coordenar a sua cooperação com os países de língua oficial portuguesa.

“Estamos abertos a discutir todas as formas de trabalharmos em conjunto nesta iniciativa”, afirmou Lv Fengding.

O conselheiro do Governo chinês disse que “tudo está a decorrer sem problemas, incluindo conversações bilaterais entre a China e Portugal e entre as empresas dos dois lados”.

Lv Fengding agradeceu o “esforço do Governo português em integrar” o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a funcionar desde janeiro deste ano por iniciativa chinesa, no qual Portugal tem uma participação de cerca de 13 milhões de dólares (11, 5 milhões de euros).

“Esta decisão constitui um grande apoio à ideia chinesa de criar esta iniciativa e a vontade de trabalhar em conjunto”, comentou.

O BAII tem a China como maior acionista (29, 78% do capital) e entre os 57 países fundadores estão 14 da União Europeia, incluindo Alemanha, França e Reino Unido, além de Portugal.

O Brasil é o nono maior acionista do BAII, com uma quota de 3.181 milhões de dólares (2.813 milhões de euros).

Às críticas de que Pequim pretende dominar a economia global com as suas iniciativas, Lv Fengding lembrou que a China continua a ter a “grande tarefa” de desenvolver a sua própria economia para retirar da pobreza cerca de 100 milhões de pessoas.

“Nos últimos 30 anos ou mais, a China desenvolveu-se muito bem e achamos que o mundo deve beneficiar do resultado desse desenvolvimento da China. Da mesma forma, se os outros tiverem um bom desenvolvimento, podemos beneficiar. (…) O sucesso de uns pode ser o sucesso dos outros”, acrescentou.

PNG (JOYP) // JPF – Lusa/Fim
Subscreva as nossas informações
Scroll to Top