Sílvia Pérez Cruz. Uma voz espanhola que compõe em português

Lisboa e Braga recebem os primeiros concertos solo de Sílvia Pérez Cruz, que já cantou fado ao lado do pianista Júlio Resende. A artista espanhola tem um novo disco, “Domus”, e apresenta-se com um quinteto de cordas. Já escreveu música em Português, inspirou-se no Alentejo, onde vive a irmã e onde compõe sempre que a visita.
Foto: DR

Diz que canta “canções e emoções”. Sílvia Pérez Cruz já foi aplaudida de pé no auditório da Fundação Gulbenkian, quando aí subiu ao palco para acompanhar o pianista Júlio Resende e arriscou cantar um fado. Agora, apresenta-se em nome próprio, esta quarta-feira, no palco do Grande Auditório da Gulbenkian e, na quinta, no Theatro Circo, em Braga.

Sílvia nasceu na Catalunha, há 32 anos. Gosta de cantar diversos géneros musicais e o fado é um deles. Tem um novo trabalho que irá apresentar nos espectáculos agendados para Portugal com o seu quinteto de cordas.

A Renascença conversou com Sílvia Pérez Cruz, na Fundação Gulbenkian. Questionada sobre o seu regresso àquele palco lisboeta, a cantora mostra-se surpreendida: “Como pode ser? O que se passou? Ontem mesmo tomei consciência de que vêm para me ver.”

Para Sílvia, “cantar é estar vivo e, em alguns momentos, ser feliz”. Diz que é a partir da música que “compreende a vida”. Talvez por isso conclua que, para si, não há uma “carreira, mas sim uma maneira de viver”. Sílvia Compõe as suas canções, um trabalho “solitário e matemático” em contraponto ao palco, onde há “algo mais animal, emoção e sério”.

Além de já ter partilhado o palco com o português Júlio Resende, recorda que também já cantou com António Zambujo e Cuca Roseta. Sílvia fala de uma relação “super especial” com Portugal e lamenta que Espanha, embora esteja perto, por vezes esteja tão distante na relação com o país vizinho.

O fado e o Alentejo de Sílvia Pérez Cruz

“Canto com tanto amor e tenho consciência de que não sou cantora de fado, mas respeito muito os fadistas”, explica Sílvia Pérez Cruz, que, no ano passado, na Gulbenkian, cantou quatro temas, dois deles fados acompanhados ao piano por Júlio Resende, com quem colaborou no álbum “Fado & Further”.

A espanhola sabe que, para os portugueses, “o fado é sagrado”, mas, quando gosta muito de uma canção, quer cantá-la e arriscou no palco da Fundação Gulbenkian, que a recebe de novo.

Sílvia lembra que, na altura, o público “aplaudiu de pé” e que o seu primeiro pensamento foi: “Que bem! Que bonito!”, mas logo tomou consciência de que, “se não gostassem, teria ali passado um mau bocado”.

Na plateia, estava a irmã, que vive há 15 anos em Monsaraz, no Alentejo. Por isso, para Sílvia, “significa muito” actuar num palco português e arrancar a reacção do público.

A artista defende que há uma “sonoridade da Península Ibérica” e explica à Renascença que já escreveu músicas em português. Na entrevista, a cantora catalã indica que compõe “quase sempre” que vem a Portugal, “duas a três vezes ao ano”. É a “calma” do Alentejo que a inspira e a língua portuguesa que tem uma “sonoridade” de que gosta. Ler o artigo completo (RR)

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