O inquérito, que deverá dar origem a um artigo científico a publicar nos próximos meses, baseia-se num questionário já utilizado noutro estudo sobre a conceptualização da palavra “saudade” entre jovens universitários portugueses, realizado por investigadores da Universidade do Porto e do Institute of Advanced Studies, de Paris.
“Queremos comparar os resultados com o estudo feito em Portugal, para ver se os imigrantes portugueses, cabo-verdianos e os lusófonos em geral aqui no Luxemburgo definem a palavra ‘saudade’ da mesma forma que os portugueses que não saíram do país. Parece-nos que a palavra tem um significado diferente, se calhar mais forte, com outra intensidade, para os portugueses que estão fora”, disse à Lusa a investigadora Stéphanie Barros Coimbra, do departamento de ciências sociais INSIDE (“Integrative Research Unit on Social and Individual Development”) da Universidade do Luxemburgo.
No questionário lançado esta semana na internet, os inquiridos têm de selecionar sentimentos e ideias que associam à palavra, entre uma lista de 67 itens, incluindo “tristeza”, “solidão”, “pátria”, “férias” ou “fado”, ou provérbios como “quem parte leva saudades, quem fica saudades tem”.
A ideia é inventariar as emoções associadas à palavra pelos imigrantes lusófonos no país, na perspetiva da psicologia, uma área em que não há ainda muitos estudos sobre o tema, explicou a investigadora portuguesa nascida no Luxemburgo.
“A palavra ‘saudade’ é típica da língua portuguesa e é dificilmente traduzível para outras línguas. Já houve estudos feitos em Portugal sobre a palavra na perspetiva da literatura, da filosofia ou da linguística, mas na área da psicologia há muito poucos”, afirmou.
Filha de emigrantes portugueses no Luxemburgo, a investigadora, de 29 anos, admite ter um “interesse pessoal” no estudo.
“É uma palavra que sempre ouvi muito lá em casa, porque os meus pais tinham saudades da família que ficou em Portugal, e eu própria também sentia saudades. Diz-se ‘matar saudades’ quando vamos a Portugal, e esses valores foram-me transmitidos”, disse a investigadora.
O inquérito, disponível exclusivamente em português, pode ser preenchido na internet até ao mês de agosto.
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