Praia, 12 abr (Lusa) – Marcelo Rebelo de Sousa inicia hoje uma visita de Estado de dois dias ao Senegal, a primeira de um Presidente português desde o 25 de Abril a este país da África Ocidental, concentrada em Dacar.
À chegada à capital senegalesa, que está prevista para as 13:00 (14:00 em Lisboa), vindo de Cabo Verde, onde também esteve em visita de Estado, o Presidente da República vai receber da principal universidade de Dacar um doutoramento honoris causa.
Esta cerimónia de valor simbólico, na Universidade Cheikh Anta Diop (UCAD), é o primeiro ponto do programa de Marcelo Rebelo de Sousa, que fará, nessa ocasião, uma intervenção sobre “Portugal e África”.
Ao final do dia, o chefe de Estado português será recebido pelo Presidente da República do Senegal, Macky Sall, no palácio presidencial, estando prevista uma conferência de imprensa conjunta, seguida de um jantar oficial.
A ligação histórica entre Portugal e o Senegal, que data dos Descobrimentos, será o fio condutor desta visita inédita, durante a qual o Presidente vai à ilha de Gorée, que até ao século XIX foi um entreposto do tráfico de escravos para as Américas.
Marcelo Rebelo de Sousa vai deslocar-se de barco, na quarta-feira de manhã, a esta ilha ao largo de Dacar, onde os portugueses chegaram em 1444, e ali visitará a “Casa dos Escravos”, uma construção do tempo dos holandeses, que constitui um memorial da escravatura.
No segundo e último dia desta visita de Estado, o chefe de Estado irá também à Casa-Museu Léopold Senghor, primeiro Presidente do Senegal independente, assistirá à entrega de 162 ambulâncias montadas por uma empresa portuguesa e participará num debate com professores e alunos de língua portuguesa.
O Senegal fica próximo de dois países lusófonos – as ilhas de Cabo Verde estão em frente à sua costa, a cerca de 600 quilómetros, e faz fronteira com a Guiné-Bissau a sul – e aproxima-se de Portugal também pela sua importância regional e pela língua portuguesa, que ali é estudada por milhares de alunos.
Desde 2008, tem estatuto de observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Antes de regressar a Lisboa, o Presidente da República terá ainda uma reunião na Assembleia Nacional do Senegal e dará uma receção à comunidade portuguesa, que se estima que possa rondar as 200 pessoas, embora apenas cerca de 50 estejam registadas.
Marcelo Rebelo de Sousa poderá aproveitar esta visita para se inteirar da situação das crianças escravizadas em falsas escolas corânicas no Senegal, algumas das quais foram resgatadas na sequência da denúncia, em fotografia, do jornalista português Mário Cruz.
Mário Cruz, fotojornalista da agência Lusa, fez um trabalho sobre as crianças talibés do Senegal que lhe valeu vários prémios, um deles do World Press Photo, que depois publicou num livro que foi apresentado em outubro, em Lisboa, numa cerimónia com o Presidente da República.
A diplomacia portuguesa está agradecida ao Senegal pelo seu apoio à candidatura de António Guterres a secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Em setembro do ano passado, precisamente quando decorria esse processo de decisão, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com o presidente do Senegal, Macky Sall, em Nova Iorque, à margem da 71.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.