Maputo, 23 jun (Lusa) – O secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, manifestou hoje em Maputo confiança na capacidade de Moçambique ultrapassar em breve a crise política e militar no país, realçando que a solução para as divergências terá de ser interna.
“Estou em crer que é uma fase que muito em breve será ultrapassada”, afirmou o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em declarações aos jornalistas, após um encontro com o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, no âmbito da visita que realiza ao país.
Murade Murargy salientou que a solução para a crise política e militar terá de partir dos moçambicanos, frisando que o país precisa de estabilidade para se concentrar no desenvolvimento económico.
“Os problemas dos moçambicanos são os moçambicanos que têm de resolver, não são os mediadores que têm de vir resolver, tem de ser através de um diálogo franco e aberto para que o país encontre o caminho para a paz e se consagre à resolução de problemas de base, como a fome e a pobreza”, enfatizou Murargy.
O secretário-executivo da CPLP enfatizou que qualquer foco de instabilidade política num dos membros da organização é motivo de preocupação, porque “um membro são da CPLP significa uma CPLP sã”.
Murade Murargy adiantou que discutiu com o primeiro-ministro moçambicano matérias relacionadas com a próxima cimeira da organização, agendada para novembro do ano em curso no Brasil, nomeadamente aspetos da nova Visão Estratégica da comunidade para os próximos dez anos.
Moçambique tem conhecido um agravamento dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados.
Na quinta-feira da semana passada, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que aceitará a presença de mediadores nas negociações entre o Governo e a Renamo, apontando o fim imediato dos confrontos como uma prioridade.
O líder do principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, disse, na sexta-feira, que alcançou, por telefone, consensos com o chefe de Estado moçambicano sobre a paz, mas fez depender o fim dos confrontos armados de garantias de segurança.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.