Santuário da Muxima renova-se com sonho de nova basílica para 5.000 fiéis

mamã muxima

Muxima, Angola, 01 nov (Lusa) – A 130 quilómetros de Luanda, a vila da Muxima transformou-se no maior centro mariano da África subsaariana, imagem que será renovada com a prometida construção de uma basílica para 5.000 fiéis.

A vila foi ocupada pelos portugueses em 1589, que dez anos depois construíram uma fortaleza e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como “Mamã Muxima”, que na língua nacional quimbundu significa “coração”.

O templo tem apenas capacidade para 600 pessoas sentadas, insuficiente, por exemplo, para a anual peregrinação de setembro que leva àquela vila, junto ao rio Kwanza, mais de um milhão de fiéis.

Hoje sem espaços e serviços de apoio, na Muxima sonha-se com a concretização das prometidas obras de requalificação daquela vila angolana, que vão permitir transformar aquele santuário no primeiro com o estatuto nacional em Angola, por decisão da Igreja Católica.

“Esperamos que mude não apenas com a nova basílica e todas as infraestruturas de apoio, como transporte, hospedagem, informação, parque de estacionamento e albergues para passarem a noite, mas também ao nível da pastoral e do acolhimento e atendimento ao peregrino”, explicou à Lusa o padre Albino Gonçalves, de uma congregação de missionários mexicana e responsável por aquele santuário desde 2010.

Além das estruturas, a mudança anunciada passa também pela disponibilização de serviços a peregrinos estrangeiros noutras línguas, nomeadamente com o reforço da presença missionária internacional no santuário.

“Quando, não sei. Mas estamos a preparar-nos para essa mudança”, garantiu o pároco, personalizando o sonho daquela pequena vila, em ver renovado o santuário.

O executivo angolano decidiu, em outubro de 2014, reestruturar o projeto do novo santuário, da autoria do arquiteto português Júlio Quaresma, prevendo a implantação do novo santuário numa área de 18.352 metros quadrados, tendo a nova catedral capacidade para acomodar 4.600 devotos sentados, além de contemplar a construção da vila Nossa Senhora da Muxima.

No mês seguinte, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, criou uma comissão interministerial para acompanhar e executar o projeto de requalificação daquela vila, mas as obras ainda foram para o terreno, numa altura em que o Governo limitou as despesas públicas, face à crise com a quebra das receitas petrolíferas.

 

Além das peregrinações semanais e da grande promessa anual que leva milhares de fiéis a acompanhar nos arredores do santuário, onde chegam a pé, de carro ou por barco através do rio Kwanza, também mais de 5.000 cartas com pedidos de peregrinos chegam todas as semanas à igreja da “Mamã Muxima”.

Estas representam pedidos de apoio na doença, no trabalho ou para a família, que substituíram os apelos à paz, com o fim da guerra civil em Angola, em 2002.

“Sentem que tem de agradecer, que não podem vir ao santuário de mãos vazias, porque daqui também não vão vazios, saem com a bênção e com a paz no coração”, remata o pároco da Muxima, ansioso pelo início da empreitada que promete mudar o rosto do maior templo angolano.

PVJ // VM – Lusa/Fim

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