Maputo, 17 out (Lusa) – O humanismo e a solidariedade do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, estruturam a obra da maioria dos artistas plásticos moçambicanos, considera o pintor Teodomiro, que adotou o nome artístico de Mbuzini, local onde o estadista morreu num desastre aéreo.
“Para mim, é o patrono de todos os tempos. Nós somos seguidores de uma cultura humanista que ele tanto defendia”, disse, em entrevista à Lusa, Mbuzini, 44 anos, que viu e ouviu Machel falar com alunos no colégio que o artista frequentou na capital moçambicana.
O primeiro Presidente moçambicano, defende Mbuzini, tinha um pensamento muito forte em relação à cultura moçambicana e africana, que tornava impossível aos artistas, mesmos os mais renomados, ignorarem o político nos seus trabalhos.
“Para mim, pessoalmente, foi um ícone, mas mesmo os grandes nomes da arte em Moçambique, como Naguib ou Malangatana, acredito eu, encontram nas palavras de Machel essa inspiração, porque, através das suas obras, lutam por uma humanidade melhor”, considera o artista.
A defesa pela igualdade, educação e desenvolvimento científico e luta contra a superstição são traços comuns entre a doutrina política de Samora Machel e a linha temática dos artistas moçambicanos que despontaram após a independência em 1975, diz Mbuzini.
“Samora Machel tinha muita paixão pela educação, queria combater a ideia de que os brancos são superiores aos negros, e por isso, era contra a superstição. Essas ideias estão em nós artistas”, nota ainda.
“Hoje estou a ver aqueles que estudaram comigo e que são engenheiros, são doutores, a partir da conceção que Machel tinha da educação”, assinala o pintor.
O primeiro Presidente moçambicano morreu num desastre de aviação a 19 de outubro de 1986 em Mbuzini, na África do Sul, quando viajava entre a Zâmbia e Maputo.
As autoridades moçambicanas mantêm até hoje a versão de que o avião foi derrubado intencionalmente pela África do Sul.
PMA // PJA – Lusa/Fim