Revogação do Acordo Ortográfico seria “grande derrota”

O diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) afirmou hoje que a revogação, anulação ou suspensão do Acordo Ortográfico seria uma “grande derrota” para a comunidade lusófona e para a ideia de língua portuguesa comum.

Gilvan Müller de Oliveira, que falava aos jornalistas no intervalo da reunião do Conselho Científico do IILP, que decorre até terça-feira na Cidade da Praia, sustentou que o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) da Língua Portuguesa, a lançar oficialmente em julho, vem responder a algumas dúvidas sobre a aplicação das bases do Acordo ortográfico.

E uma delas é o parecer que Angola apresentou em 2012, no sentido de um recuo quanto à adoção do Acordo Ortográfico de 1990, alegando existirem “constrangimentos e estrangulamentos” a impedir a sua aplicação.

“Não há hipótese de o acordo ser refutado porque seria uma grande derrota para a CPLP e para a ideia de língua comum e para o futuro da nossa língua”, tranquilizou o diretor executivo do IILP, que sustentou o facto de Portugal e Brasil já terem efetivado a implementação e de outros países, como Cabo Verde, já terem iniciado o processo.

Quanto ao VOC, um dos assuntos em análise da IX reunião do Conselho Científico do IILP, Gilvan Oliveira informou que, a partir de hoje, está “online” uma plataforma (www.ppple.org), já com quatro vocabulários nacionais integrados, Brasil, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, e com quase 300 mil vocábulos.

“Será uma página que permite a cada pessoa ver como é e acompanhar a fase final de elaboração deste instrumento central para a circulação da língua portuguesa”, explicou, reafirmando que o VOC será oficialmente lançado na cimeira de Díli, em julho, e já deverá contar com o vocabulário nacional de São Tomé e Príncipe.

Quanto aos trabalhos de manhã, Gilvan Müller avançou que serviram para analisar alguns instrumentos de gestão – relatório e contas de 2013, plano de atividades para 2014 e proposta de orçamento para 2015 -, mas não contaram com a presença da Guiné-Bissau.

“A Guiné-Bissau é um país que teve muitas dificuldades políticas após o golpe de Estado de 2012. A última reunião do Conselho Científico em que o país participou foi num encontro extraordinário em dezembro de 2010. Mas, com a eleição do novo primeiro-ministro, poderemos passar a ter uma participação efetiva da Guiné-Bissau nas próximas reuniões do IILP”, perspetivou.

O Conselho Científico que decorre na capital de Cabo Verde conta com a presença do Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Isaac Murargy, que avançou também que a oficialização do VOC está “no bom caminho”, com quatro países a concluírem os seus vocabulários nacionais.

Murade Murargy acrescentou, por isso, que o Acordo Ortográfico “está vivo”, esperando que os restantes países possam concluir os seus processos até à cimeira de Díli.

 

RYPE // APN – Lusa/Fim

Foto: O diretor executivo do IILP, Gilvan Oliveira

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