Real Gabinete Português de Leitura investiga temas luso-brasileiros

Lisboa, 24 out (Lusa) – A investigação de temas luso-brasileiros é o foco do Polo de Pesquisa Luso-brasileiras (PPLB) do Real Gabinete Português de Leitura, que possui ainda um forte intercâmbio com Portugal, disse hoje em Lisboa a sua coordenadora geral.

“O foco deste polo, como o próprio nome diz, centra-se nas relações luso-brasileiras. Nós congregamos pesquisadores de várias disciplinas, desde que a proposta seja de algum diálogo luso-brasileiro”, declarou Gilda Santos à Lusa .

O Polo de Pesquisa Luso-brasileiras foi criado em 2001 e está inserido no Centro de Estudos do Real Gabinete Português de Leitura (RGPL), pelo qual Gilda Santos também é responsável.

“Com o Polo, criámos um fluxo contínuo de atividades dentro do Gabinete, sempre há cursos, seminários, colóquios internacionais e mesas redondas”, sublinhou a doutora em Letras Vernáculas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explicando que o centro de estudos é anterior ao Polo.

Gilda Santos, que é ainda vice-presidente do Real Gabinete Português de Leitura, afirmou que “o intercâmbio com Portugal é intensíssimo”.

“Nós temos recebido não só participantes de Portugal nesses colóquios que organizamos, mas cada vez que há a presença de professores, pesquisadores e escritores portugueses que passam pelo Rio de Janeiro, nós os convidamos para sessões, que são mesas redondas, debates, são várias atividades que promovemos de acordo com a disponibilidade dos colegas ou escritores que nos visitam”, referiu.

Segundo a coordenadora-geral do PPLB, o Gabinete “é lugar icónico do centro da cidade do Rio de Janeiro”. É uma marca portuguesa inquestionável fora de Portugal e a presença de um edifício neomanuelino no centro do Rio de Janeiro é uma coisa realmente diferente”.

“O Real Gabinete Português de Leitura já é muito conhecido e está incluído nos roteiros de turismo do Rio Janeiro, recebendo cerca de 40 mil visitantes por ano, estando incluída em várias listas da especialidade como uma das mais belas bibliotecas do mundo”, disse Gilda Santos, que fez investigação para o seu pós-doutorado junto à Universidade da Califórnia e junto à Biblioteca Nacional de Portugal.

Segundo a responsável, no polo já foram desenvolvidos dois grandes projetos, sendo um deles foi a digitalização do acervo dos manuscritos do Gabinete, sobretudo do século XIX.

“Conseguimos verbas junto da Fundação Calouste Gulbenkian, digitalizamos o acervo que é composto por nomes respeitáveis como Machado de Assis, (Almeida) Garret, Eça (de Queirós), Camilo (Castelo Branco), António Feliciano de Castilho. Tudo está online no site do Real Gabinete Português de Leitura”, declarou.

Mais recentemente, de 2014 a 2015, foi realizado um projeto chamado ‘Real em Revista’, com o foco no acervo de periódicos do Real Gabinete, destacando aos documentos do século XIX e ainda digitalizadas 35 mil cópias.

“Como nós temos no Gabinete a maior ‘Camiliana’ fora de Portugal – temos primeiras edições e muito material de Camilo Castelo Branco, além da ‘joia da coroa’ que é o manuscrito autógrafo do romance Amor de Perdição -, selecionamos alguns periódicos em que havia a colaboração do autor”, declarou, referindo que está tudo online no site do RGPL.

A responsável do PPLB, disse que recebe investigadores portugueses pontualmente, já que o catálogo do acervo está todo online, acrescentando que também tem protocolos assinados com instituições brasileiras e portuguesas, como com a biblioteca central da Universidade de Coimbra.

O Real Gabinete Português de Leitura foi fundado em maio de 1937, por um grupo de emigrantes portugueses que resolveu criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos dos seus sócios e dar a oportunidade aos portugueses residentes no Rio de Janeiro de “ilustrarem o seu espírito”.

Gilda Santos – que foi professora de Literatura Portuguesa na graduação e pós-gradução até 2006 da UFRJ, durante 30 anos, até se reformar – veio a Lisboa para ministrar a palestra “Um Olhar Luso-Brasileiro sobre o Real Gabinete Português de Leitura”, na embaixada do Brasil.

CSR // APN – Lusa/fim

 

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